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Cuidado em liberdade é discutido no 8º Fórum de Mobilização Antimanicomial, que acontece na Univasf até amanhã (17)

publicado: 16/05/2018 12h04 última modificação: 16/05/2018 12h04
Mônica Santos
Exibir carrossel de imagens Jaislane Ribeiro 8º FMA reúne 900 participantes no Complexo Multieventos.

8º FMA reúne 900 participantes no Complexo Multieventos.

Cuidado não rima com confinamento. Para se tratar transtornos mentais é preciso, mais do que de exclusão, de atenção, convívio e de tratamento realizado por uma equipe multiprofissional. A fim de levantar questões como essas, começou, ontem (15), o 8º Fórum de Mobilização Antimanicomial (FMA) do Sertão do Submédio São Francisco. O evento tem como tema “Pelo cuidado em liberdade: na luta vamos viver” e é organizado pelo Núcleo de Mobilização Antimanicomial do Sertão (Numans) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). O fórum acontece até amanhã (17), no Complexo Multieventos da Univasf, em Juazeiro.

Este ano, o evento tem cerca de 900 participantes e um enfoque feminino/feminista, com grande parte da programação conduzida por pesquisadoras e profissionais da área. O fórum é composto pela 5ª Mostra de Atenção Psicossocial, com apresentação de trabalhos que envolvem a temática; oficinas; rodas narrativas; exposição de artesanato feito pelos usuários dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) de Juazeiro e Petrolina; e ágoras, espaços de explanação e discussão de temas, a exemplo da defesa da democracia e o fortalecimento do protagonismo de usuários do Serviço de Atenção Psicossocial.

O psicólogo Victor Reis, residente do Programa de Residências Multiprofissionais em Saúde da Univasf e um dos organizadores do evento, destacou que o fórum foi pensado para ser participativo, tendo, dessa forma, um caráter democrático. “As rodas narrativas têm como objetivo discutir temas como o cuidado em liberdade e a união contra essa lógica manicomial, por exemplo. A partir daí, será construída uma moção oficial que vai ser encaminhada aos órgãos responsáveis. Pensamos nisso porque não queremos ficar apenas na teoria. Esse é um evento de luta também”, afirmou.

Carlos Eduardo Ferreira frequenta o Caps IV, em Petrolina. Ele está expondo suportes de plantas feitos de palitos de picolé e quadros que confecciona no centro de atenção. “Desde que passei a frequentar o Caps aprendi a fazer muitas coisas. É a terceira vez que participo do fórum, e gosto muito das palestras, de mostrar o que faço, de encontrar pessoas e conhecer os outros centros”, contou.

Para a estudante do 6º período de Psicologia e integrante do Numans Alice Mororó, essa é a oportunidade de entender a estrutura da pessoa enquanto indivíduo e, dessa forma, pensar o cuidado e o quão prejudicial é encaminhar pessoas a manicômios. “Estamos passando por muitos retrocessos na área da saúde mental, como o sucateamento do Sistema Único de Saúde, e o fórum é uma oportunidade de fazer micropolítica e dar ao povo o retorno do investimento que recebemos por estarmos em uma Universidade pública”, declarou.

Lorena Borges veio para Petrolina para participar do 8º FMA e ter um contato aprofundado na área de saúde mental. Ela é soteropolitana e estudante de Psicologia na Universidade Federal da Bahia (UFBA). “Eu tenho muito interesse na área e sei da importância da luta e de compreender o significado de se importar com o cuidado e com os direitos humanos. Por isso, resolvi vir, porque, enquanto futuros profissionais, é preciso ter recursos para argumentar e defender um tratamento humanista”, concluiu.