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Exposição “Em Construção” produzida por artista residente da Univasf acontece no Centro de Cultura João Gilberto

publicado: 31/08/2017 16h42 última modificação: 31/08/2017 17h45
João Pedro Ramalho
Exibir carrossel de imagens Arquivo pessoal “Em Construção”: exposição convida visitante a interagir com a arte.

“Em Construção”: exposição convida visitante a interagir com a arte.

Coladas sobre três paredes, agrupam-se e espalham-se várias gravuras de atemoia, fruta semelhante à pinha, originária de Israel e trazida para o Brasil no século XIX. Sobre o chão, os recortes dos papéis onde haviam sido reproduzidos os desenhos convidam as pessoas a passarem e interagirem com a obra. O conjunto remete a movimento, crescimento, dinamismo. Assim é a exposição “Em Construção”, de autoria da artista francesa Anaïs Lelièvre e resultado do projeto de Residência Artística do Colegiado de Artes Visuais (Cartes) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). A exposição teve início no dia 25 de agosto, no Centro de Cultura João Gilberto, em Juazeiro (BA), onde permanece aberta até as 22h do dia 1º de outubro.

“Em Construção” é uma exposição work in progress, ou seja, criada e montada aos poucos, com a interação do público. Durante quatro dias, entre 22 e 25 de agosto, Anaïs Lelièvre teve a ajuda de estudantes de Artes Visuais para construir sua obra. Ao todo, foram utilizadas aproximadamente 1000 folhas de papel, contendo fotocópias ampliadas ou reduzidas de um único desenho da atemoia, feito originalmente pela artista a partir de uma fotografia da fruta. No processo de montagem, as folhas foram recortadas em várias partes e coladas nas paredes, enquanto os pedaços remanescentes permaneceram no chão.

De acordo com Anaïs, a inspiração para a criação da obra não veio apenas da fruta, desconhecida por ela antes de chegar ao Brasil, mas também da dinâmica das construções civis que a artista percebeu no país. Casas em processo de construção, inacabadas, paredes sem reboco, pilhas de tijolos e de argamassa espalhadas no chão. “Contra a concepção da arquitetura como estável, sólida, sem movimento, eu experimentei uma visão da arquitetura enquanto um processo, uma transição, um movimento orgânico”, afirma.

A exposição, assim, une elementos que remetem a movimento com o próprio conceito de uma obra in progress. “Eu fiz um paralelo entre a dinâmica do crescimento de uma fruta e de uma construção. E eu expresso isso através das linhas do meu desenho e da dinâmica da instalação no espaço”, explica Anaïs.

A artista francesa é a quarta pessoa a passar pelo projeto de Residência Artística da Univasf esse ano. O projeto  realizou sua primeira seleção em 2016, em busca de artistas nacionais e estrangeiros interessados em desenvolver projetos na região, por um período de um a três meses. Os candidatos selecionados têm acesso à estrutura do curso de Artes Visuais e precisam, em troca, realizar intervenções artísticas, como exposições, apresentações, oficinas, entre outras. Além de Anaïs Lelièvre, já estiveram na região uma artista franco-portuguesa, uma búlgara e um artista norte-americano. Em outubro, será a vez de um salvadorenho chegar à Univasf.

A experiência de Anaïs Lelièvre no Brasil é uma das diferentes residências artísticas de que já participou. Antes de chegar aqui, por exemplo, ela esteve na Islândia. “Eu tenho interesse em fazer residência em lugares muito distantes e diferentes, para experimentar outras formas de viver, criar, sentir e para criar um pequeno choque na minha prática artística, para renová-la. Foi muito bom descobrir lugares como Petrolina, Juazeiro e também Recife, Olinda, Porto de Galinhas, Salvador, com pessoas calorosas”, conta a artista.