Você está aqui: Página Inicial > Notícias > Trabalhos de estudantes da Univasf são expostos no IX Salão Universitário de Arte Contemporânea do Sesc, no Recife

Notícias

Trabalhos de estudantes da Univasf são expostos no IX Salão Universitário de Arte Contemporânea do Sesc, no Recife

publicado: 21/12/2017 15h44 última modificação: 21/12/2017 15h44
João Pedro Ramalho

A galeria de artes do Serviço Social do Comércio (Sesc) Casa Amarela, no Recife (PE), sedia, desde o dia 30 de novembro, o IX Salão Universitário de Arte Contemporânea do Sesc (UNICO), cujo tema nesta edição é “Arte e Participação”. Dois trabalhos desenvolvidos por estudantes de Artes Visuais da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) foram selecionados para a exposição, que conta, ao todo, com dez produtos de discentes de graduação de Pernambuco. A exposição do UNICO estará aberta para visitação até 9 de março de 2018.

Os estudantes da Univasf selecionados foram João Pedro Rodrigues, Yane Andrade e Luiz Marcello Barbosa, que desenvolveram o trabalho “Herbarium Ossaim”, e Débora Caroline Viana Almeida, cujo produto se intitula “Encantados ‘viagem de volta’”. A seleção foi realizada por meio de edital, que proveu o financiamento aos discentes de R$ 1,5 mil, destinados à finalização e transporte das obras. Os estudantes também participaram da vernissage, realizada no Recife, no dia 30 de novembro.

O primeiro destes trabalhos foi orientado pelo professor do Colegiado de Artes Visuais (Cartes) da Univasf Edson Rodrigues Macalini e desenvolvido no âmbito do projeto de extensão “Deslocamentos Múltiplos – experimentações híbridas em publicações de artistas”, também coordenado por ele. Segundo Macalini, “Herbarium Ossaim” consiste em uma exposição de diversas lâminas, que posteriormente serão reunidas e transformadas em um livro-objeto. A obra faz referência a Ossaim, orixá cultuado nas religiões de matrizes africanas e conhecido como o sacerdote responsável pela cura através do poder das folhas; assim como ao sincretismo entre as culturas afro-brasileiras e indígenas. A exposição expressa esses saberes por meio de elementos como contos e causos populares regionais, prosas de terreiros, folhas da caatinga pernambucana e livros antigos de ervas medicinais.

Já “Encantados ‘viagem de volta’” foi orientado pela professora do Cartes Sarah Hallelujah Sampaio. É uma instalação em vídeo, na qual gravações do toré, ritual presente na cultura de povos indígenas do interior de Pernambuco, são projetadas em peças de voil, tecido com aspecto transparente que se assemelha a um véu. A proposta é que os visitantes caminhem entre os tecidos, como se fizessem parte do ritual. Débora Viana explica que este trabalho se articula a outras pesquisas realizadas pela estudante, relacionadas a temas como a luta pelo direito à terra, reforma agrária, demarcação e homologação de território e identidades.

Para o professor Edson Macalini, a participação dos estudantes no Salão UNICO é importante, uma vez que as galerias são espaços de prestígio e de ampliação da visibilidade dos artistas e suas obras. Ele também ressalta que as duas produções foram as únicas do interior do estado selecionadas e que essa é uma experiência diferente daquelas que os discentes vivenciam no curso. “Para os alunos, é positivo, porque eles precisam aprender a escrever os projetos e a propor trabalhos artísticos. Além disso, eles podem estabelecer novas relações com artistas de outros contextos”, afirma Macalini.

O professor acredita ainda que os trabalhos realizados pelos discentes vêm ao encontro das discussões sobre a arte contemporânea, tanto pelas linguagens, como instalações e vídeos; como pelas temáticas, preocupadas com questões sociais, políticas, culturais e com contextos locais.

De modo semelhante, a estudante Débora Viana considera necessário refletir, no âmbito da Universidade, sobre temas ligados a povos tradicionais da região. “Em uma instituição como a Univasf, que está no Semiárido, a que atendem as suas produções científicas, acadêmicas e artísticas? A pensar a realidade de quem? Considerando que todos esses povos estão aqui na região, é importante se perguntar isso e começar a trabalhar nesse sentido”, instiga Débora.