Você está aqui: Página Inicial > Notícias Sustentáveis > O que é Economia Circular?

Notícias

O que é Economia Circular?

A economia circular propõe uma mudança em toda a maneira de consumir, do design dos produtos até nossa relação com as matérias-primas e resíduos

por última modificação: 10/10/2018 08h28


Imagem: Royal HaskoningDHV

Você já parou para pensar em como funciona a inteligência do planeta? Esse grande organismo vivo se gere e autorregula em um processo cíclico. A energia é provida pelo Sol em abundância e todo o ”lixo” de uma espécie é alimento de outra. Tudo nasce para depois morrer e se transformar em energia para o ambiente novamente. O ciclo funciona em harmonia - ou deveria. O ser humano cada vez mais desequilibra essa balança e torna difícil para os serviços ecossistêmicos suportarem ou se recuperarem. No entanto, certos estudiosos apontam que a economia circular pode ser uma solução para minimizar o impacto humano no meio ambiente.

O sistema de economia circular agregou diversos conceitos criados no ultimo século, como: design regenerativoeconomia de performancecradle to cradle – do berço ao berço, ecologia industrialbiomiméticablue economy e biologia sintética para desenvolver um modelo estrutural para a regeneração da sociedade.

A economia circular é um conceito baseado na inteligência da natureza, opondo ao processo produtivo linear o processo circular, onde os resíduos são insumos para a produção de novos produtos. No meio ambiente, restos de frutas consumidas por animais se decompõem e viram adubo para plantas. Esse conceito também é chamado de “cradle to cradle” (do berço ao berço), onde não existe a ideia de resíduo, e tudo é continuamente nutriente para um novo ciclo.

Transportando essa dimensão para a indústria de produtos, a cadeia produtiva seria repensada para que peças de eletrodomésticos usadas, por exemplo, pudessem ser reprocessadas e reintegradas à cadeia de produção como componentes ou materiais para a fabricação de outros eletrônicos.

A economia circular é a ciência que repensa as práticas econômicas, indo além daqueles famosos três "R"s – reduzir, reutilizar e reciclar – pois ela une, pelo menos na teoria, o modelo sustentável com o ritmo tecnológico e comercial do mundo moderno, que não pode ser ignorado.

Atualmente, nosso sistema produtivo funciona de forma linear, o que não é sustentável devido ao grande acúmulo de resíduos, exploração excessiva de recursos, etc. Nós exploramos a matéria-prima, produzimos bens e depois os descartamos. A obsolescência programada gera resíduos que não recebem novos usos e se acumulam exponencialmente. Para se ter noção, no Brasil, temos hoje mais de 200 milhões de habitantes gerando resíduos. De acordo com dados do IBGE, cada brasileiro produz quase um quilo de lixo por dia, ou seja, são 183 mil toneladas diárias no país todo (saiba mais sobre resíduos sólidos urbanos).

Além dos resíduos, o esgotamento de matérias-primas também é uma grande preocupação. De acordo com relatório da Ellen MacArthur Foundation – organização que estuda e estimula a adoção da economia circular -, 65 bilhões de toneladas de matéria-prima foram inseridas no sistema produtivo mundial em 2010. O instituto projeta que, até 2020, essa quantidade terá subido para 82 bilhões de toneladas por ano.

Como seria possível mudar esse paradigma?

E se, em vez do modelo em que se descartam os materiais não biodegradáveis, como máquinas de lavar roupa, smartphones, televisores, existisse outro em que esses materiais retornassem ao ciclo? Se eles fossem levados de volta a suas respectivas fábricas, desmontados, otimizados e trazidos de volta para nós? A economia lucra com a ausência de desperdício - e o planeta também! Em vez de uma reta final para os produtos, um novo ciclo: transformando resíduos em insumos, em nova matéria-prima. São novos “R”s que entram: de economia restaurativa e regenerativa. O que era fim é só um novo começo.

Para o desenvolvimento sustentável, deve-se controlar estoques finitos e equilibrar os recursos renováveis. Um primeiro passo é desmaterializar produtos e serviços (sistema que valoriza a função, a utilidade e nem tanto o produto em si). Além disso, há a necessidade de aprimorar a eficiência na criação de produtos e no reaproveitamento de resíduos sólidos. Já na concepção, os produtos devem ser pensados com a utilização de materiais facilmente recicláveis e não perigosos (substâncias puras, não tóxicas e segregáveis). É fundamental reduzir a contaminação para maximizar a circulação dos materiais. Os objetos devem ser concebidos para a remanufatura, a reforma e a reciclagem. Artigos com componentes e materiais no mais alto nível de utilidade, tanto no ciclo técnico quanto no biológico, otimizam a produção de recursos. Desse modo, componentes e materiais continuam circulando e contribuindo para a economia.

A economia circular segue uma utilização racional dos recursos. Com o uso em cascata dos materiais, eles permanecem o maior tempo possível na economia. Após um produto chegar ao fim de seu ciclo para o primeiro consumidor, ele pode ser compartilhado e ter sua utilização ampliada. Posteriormente ao esgotamento de reúso do artefato, ele pode ser material de upcycling (reaproveitamento), reformado, remanufaturado e, como última etapa, reciclado. As alternativas de reciclagem atuais operam sobre bens de consumo que não foram projetados com este cuidado. A economia circular parte da proposta de desconstruir o conceito de resíduo com a evolução de projetos e sistemas que privilegiem materiais naturais que possam ser totalmente recuperados.

Fonte: eCycle