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Texto Curatorial

por publicado: 17/02/2020 09h58 última modificação: 17/02/2020 10h07

Mundo flutuante

A paisagem na gravura de Hokusai

As estampas japonesas de final do século XVII reuniam um conjunto de profissionais que trabalhavam em parcerias. A fatura na produção artística envolvia o artista, que criava a obra; o talhador, que gravava a arte nos blocos de madeiras; o impressor, que pintava e prensava os blocos nos papéis de arroz, e o publicador, que era quem financiava, promovia e distribuía os trabalhos. A xilogravura, atividade de caráter artesanal, exigia dos gravadores o domínio primoroso de inúmeras técnicas de efeitos diferentes na produção e criação de gradações de cores, que eram empregadas nas requintadas matrizes para a confecção de uma estampa.

Na representação da paisagem japonesa, não há correspondência com o real, como também, não possui perspectiva geométrica, ponto de fuga, tão pouco organização de cenas como em camadas lineares, tal qual, orienta a produção pictórica de todo o ocidente pelo olhar do europeu. Embora o estilo japonês, aos poucos, tenha sido contaminado pelas técnicas dos ocidentais que por lá passaram nos períodos das grandes navegações, há, ainda, a presença de flutuação sob a perspectiva isométrica, como o olhar do pássaro. As imagens flutuam, expandem-se para o céu, volatizam-se em camadas, fluem.

A exposição Mundo Flutuante apresenta Katsushika Hokusai (1760 – 1849) um dos célebres artistas do período Edo (1603 – 1868), que compôs um conjunto expressivo de imagens do interior do Japão. Sua série mais famosa As trinta e seis vistas do monte Fuji e a Grande Onda adquiriram grande popularidade no mundo da arte.  Tanto pela sua beleza e poética, quanto pela leveza e silêncio em suas composições. Como é de costume japonês, Hokusai, antes de morrer, deixou um haicai escrito:

Agora como espírito

Devo atravessar

Os campos de verão