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Produção de queijos de cabra no Vale do São Francisco é tema de Workshop na Univasf

publicado: 15/10/2019 14h54 última modificação: 15/10/2019 14h54
Layla Shasta


Palestras e mesas redondas foram realizadas como parte da programação. Fotos: Juciane Aleixo

A região do Vale do São Francisco, no semiárido nordestino, possui destaque na criação de caprinos, sendo a maior produtora do animal no Brasil. Com o intuito de discutir e apresentar uma maneira inovadora de produzir com estes animais, a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) promoveu o “I Workshop de Queijos Artesanais do Vale do São Francisco”. O evento, que aconteceu nos dias 10 e 11 de outubro no Campus Sede da Univasf, em Petrolina (PE), teve o objetivo de estimular a elaboração de produtos derivados do leite de cabra na região, capacitando produtores rurais para fabricação e comercialização de queijos artesanais.

Palestras e mesas redondas foram realizadas como parte da programação, reunindo produtores, professores, pesquisadores e estudantes. Durante os dois dias de evento, foram discutidas características tecnológicas de queijos finos, marketing do mercado de queijo artesanal, harmonização com vinhos, aspectos de sanidade do rebanho, e houve, também relatos de histórias de sucesso, contadas por queijeiros, além de um torneio de queijos. Estas atividades buscaram despertar o interesse e preparar profissionais para possíveis demandas desse campo de atuação, além de contribuir para valorização do potencial que o Vale do São Francisco possui.


O Workshop reuniu produtores, professores, pesquisadores e estudantes. 

O agricultor José Silva, participante do evento, trabalha com pecuária de corte há cerca de 40 anos, na região de Mundo Novo (BA). Ele destacou a discussão sobre utilização de fitoterápicos e contou que, assim como outros agricultores, já usava a técnica. Na opinião dele, o apoio da Universidade auxilia para que este uso não seja de uma maneira limitada, pois gera mais conhecimentos, o que considera algo positivo. O pecuarista está agora interessado em entrar para o ramo da produção de queijos de cabra e por isso decidiu participar do Workshop. O interesse surgiu por conhecer os benefícios que estes laticínios promovem à saúde. “A gente sabe que o queijo de cabra é muito nutritivo”, disse. Além disso, para Silva, a comercialização do produto pode ser um novo meio de geração de renda.

De acordo com o professor do Colegiado de Medicina Veterinária da Univasf e coordenador do Workshop, Daniel Ribeiro, fazer com que agricultores possam melhorar socioeconomicamente é o que se almeja com o evento. “A importância (do Workshop) é que esses produtores consigam aumentar a sua renda, vender mais e participar também da cadeia do turismo”, disse. O docente explicou, ainda, que a maioria dos participantes agricultores trabalha com caprinos para venda de carne ou com produção de queijo coalho, que, conforme descreve, é um laticínio simples. Segundo ele, a ideia do evento é estimular a produção de queijos finos. “Por isso, as palestras de harmonização com vinhos e cervejas, que também estão no evento: para a gente trazer potencial turístico para essa produção”, explicou.

Na região do projeto de irrigação Pontal, em Petrolina, trabalha Maria de Lourdes de Menezes, presidente da Cooperativa de Desenvolvimento Agropecuário e extrativista do Projeto Pontal (Coopontal). Maria fabrica queijo coalho e sua equipe recebe apoio da Univasf para que os queijos fabricados por eles cheguem com a melhor qualidade possível ao mercado. A queijeira foi ao Workshop motivada pela relação já existente com a Universidade e o interesse em ampliar os empreendimentos, passando a produzir, também, queijos finos.

Para que esses produtos sejam cada vez mais frequentes na mesa das famílias brasileiras, um longo caminho vem sendo percorrido. A fabricante relata que um dos maiores desafios de se produzir queijo de caprinos é a dificuldade de inserir o produto no mercado, devido à falta de conhecimentos sobre ele. “Tem gente que não conhece o sabor do leite de cabra e tem preconceito de que tenha sabor ruim”, disse a produtora.

De acordo com Maria, uma das contribuições da Univasf tem sido ajudar a divulgar o produto e o trabalho realizado pelos produtores, além de auxiliá-los a levar o queijo para mercados como hotéis e restaurantes. E com este objetivo, os organizadores convidaram donos de hotéis, mercados e de restaurantes, bem como chefes de cozinha para participar do Workshop. Além disso, tem se pensado em outras formas de dar destaque à produção realizada no Vale do São Francisco.

Segundo Ribeiro, a ideia é criar um selo de qualidade para os produtos de caprinos feitos localmente. “A criação do selo é o nosso objetivo. Nossa região tem o potencial da caatinga e temos algumas raças que já são criadas aqui. Vamos tentar aproveitar esse panorama para criar a marca do Vale do São Francisco. Desta forma, a gente destaca o produto e ele pode ser vendido com a cara da nossa região”, afirmou o docente.

O I Workshop de Queijos Artesanais do Vale do São Francisco foi organizado pelo Grupo de Estudos em Caprinos Leiteiros, vinculado ao Colegiado de Medicina Veterinária da Univasf, pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias no Semiárido, e pela Pós-Graduação em Ciência Animal.