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Conhecendo nossos(as) alunos(as)
Um dos grandes pontos usados para questionar o ensino a distância é a falta do sentimento de pertencimento do(a) estudante em relação à Universidade. Como não estão diariamente andando pelos corredores, comendo nas cantinas, batendo papo nos bancos da Universidade, os(as) alunos(as) de EAD passam, muitas vezes, despercebidos. Alguns entram, cursam e ingressam no mercado de trabalho sem que boa parte de seus colegas de turma e até mesmo professores saibam um pouco mais sobre quem eles(as) são, quais dificuldades enfrentaram ou o quão difícil foi concluir o curso.
Ciente dessa situação, a equipe de Comunicação da Secretaria de Educação a Distância da Univasf (SEaD) irá apresentar, a partir de junho, um(a) aluno(a) por mês. Contar um pouco de sua história, lutas e conquistas. Afinal de contas, EAD ou não, são todos(as) estudantes dessa grande família chamada Univasf.
Vamos a nossa primeira história?
Dioneia dos Santos Cruz, aluna do curso do quarto período de Administração Pública no Polo Capim Grosso.
Solteira, mãe de um filho, trabalhadora e estudante, Dioneia precisa encarar diariamente uma jornada tripla de trabalho. Até mesmo para conversar com nossa equipe para esta matéria, foi necessário aproveitar o tempo entre o atendimento a um cliente e outro. “Vocês me perguntam e vou respondendo quando tiver um tempinho no trabalho. Se eu demorar, é porque estou com algum cliente. Só saio daqui mais tarde e depois tenho que cuidar da casa, cuidar do meu filho, fazer as atividades”, explicou (dez minutos após nossa primeira pergunta).
Com 35 anos, Dioneia passou mais de 10 anos fora da rotina escolar, o que fez com que ela relutasse muito em voltar às “salas de aula”. “O início foi muito difícil, não estava mais acostumada a essa rotina de estudos e em meu trabalho não tenho horário fixo de saída”, conta. Quanto ao tempo com o filho, ao contrário do que possa parecer, não foi dos pontos mais difíceis. “As pessoas acham que o fato de eu ser mãe é o que mais atrapalha, mas não. Foi mais fácil de conciliar, pois ele é meu maior incentivador! Me acompanha todo momento que estou estudando, ou melhor, ele me vigia para eu não desviar a atenção!”, diz, orgulhosa.
Ela conta que, à partir do segundo semestre, já reinserida na rotina de estudos, se tornou possível organizar melhor os horários. Segundo ela, as maiores dificuldades são quando alguns períodos batem com datas comemorativas, pois são os dias que ela mais trabalha. “Muitas vezes eu só tenho 4 horas diárias de sono. Nesses momentos, penso nas possibilidades de trabalhar na área que gosto, com uma boa formação, um ótimo salário e também em poder proporcionar uma boa faculdade para meu filho e dar uma estabilidade para os meus pais em sua velhice. Aí vejo que vai valer tudo a pena. Isso me dá forças”, diz.
Para poder estudar sempre que algum tiver alguma oportunidade, Dioneia conta que anda sempre com material na bolsa. “Aqui comigo eu trago o caderno, caneta, lápis, apostila impressa, arquivo baixado no celular, em pendrive, no PC. Assim, onde eu estiver, seja no trabalho ou na fila do banco eu possa ir lendo e adiantando alguma coisa. No trabalho, no momento que não estou atendendo clientes, estou estudando. Em casa, depois de ajudar na lição do filho, começo a estudar.”, conta.
Apesar da ideia errônea de que os(as) estudantes de EAD são isolados em seu mundo, muitas vezes são eles que mais trabalham em equipe, pois sabem das muitas dificuldades que encontram. Dioneia conta que ela e os colegas de curso montaram um grupo de estudos se reúne sempre que possível. “Às vezes nos encontramos até 3 vezes por semana pra estudar. Também usamos WhatsApp pra tirar dúvidas, enviando áudios de explicação aos que não podem comparecer às reuniões. Para que todos possam participar, nós fazemos revezamentos de locais de estudos”.