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Apresentação

por admin publicado 17/05/2018 09h48, última modificação 17/05/2018 09h51

 

MARGENS EM DESVIOS: ARTE E OS SEUS SISTEMAS POÉTICOS/POLÍTICOS

 

" Margem da palavra entre as escuras duas, Margens da palavra, clareira, luz madura, Rosa da palavra, puro silêncio, nosso pai, Meio a meio o rio ri por entre as árvores da vida "

Eis a terceira margem do rio, conto de Guimarães Rosa, musicalizado por Caetano Veloso e Milton Nascimento. No conto, Guimarães Rosa narra através dos olhos do filho, a história de um pai de família do interior que sem aviso, decide morar sozinho em uma canoa, no meio de um grande rio.

Atitude que intriga a todos, familiares e moradores, por contradizer os padrões aceitos socialmente. Por se desviar do estabelecido para um homem de família, conhecidos reúnem-se para entender os motivos, o incompreensível da vida e como de costume procuram enquadrá-lo, normatizá-lo na margem da loucura. Mas “nosso pai”, como a arte, procura a outra margem, traça outra rota de existência, assume o silêncio como desvio.  Em decorrência dessa escolha: o isolamento, a censura moral. Mas “nosso pai” resiste as tempestades furiosas da incompreensão humana. Persiste! E assim como a vida que se reinventa na fluidez das águas do rio, a arte e suas poéticas provocam deslocamentos do lugar-comum, abre caminho em busca de outras margens. Se “somente o rio viu e ouviu o que ninguém jamais ouviu” fica pra nós, algumas reflexões: O que significa a terceira margem do rio? Que processos nos interpelam, nos censuram, nos impedem de navegar nas águas turvas do desconhecido? Que rotas podemos traçar para resistir a imposição burocrática do existir? Seria a arte, a terceira margem que nos atrai e repulsa? Pensar e fazer arte na caatinga seria uma ousadia? Uma margem em desvio?

Imbuídos nesse pensamento desviante, professores, artistas, pesquisadores da região do Semiárido nordestino realiza o primeiro Congresso em Artes, Ensino e Pesquisa o qual propõe discutir os sistemas poéticos e políticos que permeiam a produção, circulação e difusão artística além de refletir sobre a formação e atuação do professor de Arte em suas diversas modalidades na atualidade.

Em relação a produção artística, seja em música, teatro, dança ou artes visuais que experiências estéticas estão sendo produzidas para ampliar o potencial crítico acerca dos diferentes modos de ver, sentir e agir no mundo? O que está em jogo nos ataques hostis aos sistemas do “mundo da arte” (BECKER, 2012) atualmente?

No que tange ao ensino das Artes (Teatro, Dança, Música e Artes Visuais) o momento é de luta pois a Base Nacional Curricular Comum/BNCC foi homologada em 14 de dezembro de 2017 a Arte não aparece como área de conhecimento, desconsiderando a mobilização de artistas, pesquisadores e professores como também as conquistas legais oriundas da LDB 9.394/96 e do Substitutivo da Câmara dos Deputados (23/02/2016) que alterava o parágrafo sexto do artigo 26 da referida lei.

Diante do contexto de retrocessos e incertezas que nos impõe, construir desvios será nossa estratégia de resistência as amarras hostis do controle ao pensamento e criação artística. Defender o acesso as artes como um direito do sujeito ao exercício pleno de sua cidadania e participação social por meio de políticas educacionais e culturais será nossa luta.


REALIZAÇÃO:
Universidade Federal do Vale do são Francisco (Univasf)
ORGANIZAÇÃO: Licenciatura em Artes Visuais (UNIVASF), Licenciatura em Música (If-Sertão Pernambucano), Licenciatura em Teatro (Campus VII-Universidade Estadual da Bahia/Uneb)