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Plástico é achado no estômago de crustáceos das profundezas do oceano

Estudo identificou pelo menos uma micropartícula plástica em 65% dos animais que habitam as fossas oceânicas

por última modificação: 01/03/2019 08h58


POLUIÇÃO DE PLÁSTICO NOS OCEANOS PREJUDICA OS ANIMAIS DAS REGIÕES MAIS PROFUNDAS (FOTO: MICHAELISSCIENTISTS/WIKIMEDIA COMMONS)

Pesquisadores encontraram fragmentos de plástico no intestino de pequenos crustáceos – como as espécies Eurythenes Gryllus e Hirondelle Dubia – que habitam as seis fossas oceânicas mais profundas do planeta. Na Fossa das Marianas, o local mais fundo dos oceanos, 100% dos bichos marinhos estudados tinham fibras plásticas no trato digestivo.

"Metade de mim estava esperando encontrar algo, mas isso é enorme", comentou Alan Jamieson, da Escola de Ciências Naturais e Ambientais da Universidade de Newcastle, na Austrália.

Jamieson e sua equipe são especialistas em procurar novas criaturas nas profundezas do mar. Eles perceberam que, durante expedições na última década, acabaram acumulando exemplares das espécies de minúsculos crustáceos que vivem entre 6 mil e 11 mil metros abaixo da superfície. Com isso, decidiram procurar por plástico – e ficaram surpresos com os resultados. 

Foram encontradas amostras plásticas em animais na trincheira Peru-Chile, também conhecida como trincheira do Atacama, no sudeste do Pacífico. A região fica a cerca de 15 mil quilômetros da Fossa do Japão, onde também foi identificada a poluição por plástico no fundo do mar e nos animais marinhos. 


CRUSTÁCEO DA ESPÉCIE EURYTHENES GRYLLUS, ENCONTRADO NO FUNDO DO OCEANO (FOTO: DADEROT/WIKIMEDIA COMMONS)

Dos 90 animais que a equipe dissecou, ​​mais de 65% continham pelo menos uma micropartícula de plástico. O estudo, publicado na revista Royal Society Open Science, apontou que não estava claro se a ingestão das partículas ocorreu em profundidades maiores e então elas chegaram às partes mais profundas do oceano depois que o bicho morreu e afundou. 

Quando os pesquisadores analisaram as fibras encontradas – a maioria parecia ser roupas de nylon –, eles descobriram ligações atômicas de plásticos. Em um teste de comparação, os resultados indicaram que o material não era novo, e que já tinha alguns anos de idade. 

Partículas de microplástico são despejadas no mar através de esgotos e rios ou se formam quando pedaços maiores de plástico se quebram com o tempo. Uma vez que o material começa a atrair bactérias, fica mais pesado ​​e acaba afundando. "Tudo o que está no mar vai afundar", disse Jamieson. "Estamos empilhando toda a nossa porcaria no lugar que menos conhecemos."

Os cientistas não souberam explicar, contudo, por que a contaminação por plástico é tão difundida até em profundidades extremas. Eles também não conseguiram apontar quais efeitos a ingestão do material podem ocasionar nos animais marinhos. "Essas partículas poderiam apenas passar pelos bichos, mas eles devem estar as bloqueando", afirmou o pesquisador. 

Fonte: Revista Galileu