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Agricultura urbana orgânica: entenda por que é uma boa ideia
A agricultura urbana orgânica reduz desperdícios, contribui para sociobiodiversidade, para o aproveitamento de nutrientes e sabor, entre outros benefícios
Agricultura urbana orgânica é a agricultura praticada dentro ou em redor de uma área urbana e que não emprega agrotóxicos, antibióticos, drogas veterinárias e Organismos Geneticamente Modificados (OGM) - também conhecidos como transgênicos - em sua produção.
A agricultura urbana orgânica tem se mostrado a melhor a alternativa para o abastecimento de alimentos para as cidades. Principalmente por diminuir a distância entre a produção do alimento e o consumidor final. Mas também por ser uma alternativa mais saudável em relação aos produtos da agricultura convencional.
Entendendo a agricultura urbana
A agricultura, de modo geral, é a base de muitas coisas, não só da nossa alimentação, mas também da produção de matérias-primas que servirão para fazer tecidos, papéis, produtos de limpeza, cosméticos, combustíveis, ração para a produção da carne e muitos outros produtos consumidos no dia a dia.
Existem diversas formas de fazer agricultura, umas mais impactantes como é o caso da agropecuária, outras menos, como é o caso da agricultura agroecológica.
De qualquer forma, é difícil imaginarmos que apenas ao comer, um ato tão rotineiro e aparentemente inofensivo, estamos causando impactos socioambientais! Por isso, quem é urbano ou periurbano precisa se conscientizar de que começar a praticar e a incentivar a agricultura urbana(orgânica) como base para alimentação não é só uma questão de investimento em saúde, é uma demanda socioambiental.
Como você já deve saber, a maioria dos produtos, incluindo os alimentos de casa, percorrem longas distâncias até chegarem ao supermercado.
Essa distância entre o local de produção e consumo traz consigo uma série de prejuízos, e isso se dá em decorrência da configuração das cidades que normalmente separaram a parte "rural", destinada à produção de insumos e alimentos (setor primário e secundário) da parte urbana, destinada à produção de serviços e comércio de bens (setor terciário).
Essa forma de desenvolvimento que separa o local de produção de alimentos do local de consumo (urbano x rural) possui uma série de desvantagens:
Desperdício e encarecimento do produto final
No percurso do alimento in natura até a prateleira do supermercado, e de lá pra nossa casa são gastos combustível, mão de obra e espaço para alocação.
Devido a incidentes no transporte e/ou pelo tempo de maturação no armazenamento, uma parte dos produtos acaba estragando e sendo inviabilizada para o consumo. Isso gera desperdício de alimentos e faz com que aumente a demanda por fertilizantes, agrotóxicos e combustíveis utilizados na produção, transporte e na colheita de novas produções para substituir aquela que foi desperdiçada em perdas. Tudo isso, em conjunto, aumenta o preço final dos alimentos.
Aumento da poluição e impacto ambiental
Com a necessidade de aumentar a produção para substituir as perdas, aumenta consequentemente a poluição oriunda da queima de combustíveis utilizados em maquinarias e no transporte; a poluição de solos, ar e lençóis freáticos pelos agrotóxicos e fertilizantes despejados e o desmatamento. No caso de quem consome carne, os impactos gerados são maiores ainda.
Aumento da necessidade de processamento
Tendo em vista que é difícil manter os alimentos intactos in natura, surge a necessidade de formas de processamento que aumentem a vida útil desses produtos durante o transporte e armazenamento.
O problema é que muitas vezes essas técnicas de processamento são prejudiciais à saúde, como é o caso dos produtos em que são adicionados gordura, sal, conservantes, corantes, aromatizantes, entre outras substâncias e processos que diminuem a qualidade dos alimentos em termos de saúde e sabor.
Prejuízos à saúde
Na agricultura e pecuária convencionais dificilmente é empregada a técnica de produção orgânica - os métodos utilizados são baseados no uso de produtos agrotóxicos, principalmente pesticidas com base em organoclorados, que são prejudiciais para a saúde humana e ambiental. Quem consome carne e outros produtos derivados de animais como o leite e o queijo acaba ingerindo mais agrotóxicos que veganos por conta do efeito de bioacumulação no tecido gorduroso dos animais, além de ingerir hormônios e antibióticos.
A agricultura urbana, por outro lado, é uma prática complementar às atividades agrícolas desenvolvidas em meio rural, com o diferencial de estar integrada aos sistemas econômicos e ecológicos urbanos. Ela é praticada no Brasil inteiro principalmente por pessoas que têm a atividade agrícola como base para a subsistência.
A agricultura urbana tem como característica principal a aproximação do local de consumo do local de produção e, quando praticada de modo orgânico, proporciona uma série de benefícios:
Reduz o desperdício
Ao aproximar consumidores da fonte de alimentos, a agricultura na área urbana possibilita redução no desperdício causado pelo transporte e armazenamento.
Para quem tem uma horta próxima, por exemplo, é possível colher os alimentos praticamente na hora de preparo, o que evita transporte em longas distâncias e armazenagem, permitindo comer um alimento fresquinho e com zero desperdício, pois até as cascas podem retornar para a horta e serem utilizadas como composto.
Evitando a necessidade de armazenamento antes do consumo é possível ingerir produtos fresquinhos e que passaram pelo processo completo de maturação!
Melhora o aproveitamento de nutrientes e sabor
Tendo controle sobre a forma de produção você evita a aplicação de organoclorados e outros agrotóxicos, optando por uma agricultura orgânica, mais saudável e barata.
A forma de agricultura orgânica que respeita o tempo natural de maturação dos alimentos dá origem a produtos com maiores níveis nutricionais e mais saborosos.
Reduz o consumo de industrializados
Quem não prefere preparar um chá gelado de limão e hortelã fresquinho direto da horta no lugar de consumir aquela caixinha de chá pronto que pode conter conservantes, agrotóxicos, corantes, é mais cara e ainda gera descarte no final (a caixinha)? Com uma disponibilidade de alimentos frescos à disposição, é provável que estes sejam preferidos em detrimento dos industrializados, principalmente para pessoas mais pobres.
Quem produz escolhe captar água da chuva
Na agricultura convencional é difícil na posição de consumidores escolhermos como se darão as formas de produção. Mas numa horta dentro ou mais próxima de casa nosso poder de decidir sobre as formas de produção é maior. E você pode decidir captar água da chuva para regar sua horta urbana.
Utilização das ervas na fitoterapia
O tratamento de doenças ou sintomas por meio das plantas, também chamado de fitoterapia, possui viabilidades comprovadas cientificamente. Isso ocorre desde que sejam utilizadas as plantas certas na concentração e forma corretas. Por isso é preciso informar-se.
Com acesso a esse tipo de recurso fica muito mais fácil recorrer à horta quando for preciso, principalmente para as pessoas mais pobres que possuem acesso dificultado à medicamentos convencionais.
Destina adequadamente os resíduos de origem vegetal
Muitas vezes quem já realiza a compostagem dos restos de alimentos e de outros resíduos vegetais não sabe o que fazer com o produto gerado (húmus e biofertilizante). Se esse é o seu caso, esse é mais um motivo para começar a praticar a agricultura urbana e destinar seu composto para a adubação do solo. Se a compostagem ainda não for o seu caso, aproveite para adquirir esse hábito e reduzir sua pegada ecológica.
Contribui para a economia e segurança alimentar
A agricultura urbana pode gerar oportunidades de emprego, renda alternativa, abastecimento para os mercados locais, valorização das culturas locais e empoderamento comunitário e de gênero. Além disso, essa atividade pode contribuir para promover a segurança alimentar e nutricional da população urbana que a utilizar como estratégia de subsistência, especialmente para os agricultores de baixa renda e grupos marginalizados como idosos, jovens desempregados e migrantes.
Todo mundo pode praticar
É comum achar que só é possível começar a cultivar alimentos em espaços enormes com grande disponibilidade de solo. Mas pensar assim é um equívoco, até quem mora em apartamento pode começar os seus cultivos. É possível cultivar alimentos até na janela de casa.
Incentivar a agricultura urbana é contribuir para a sustentabilidade socioambiental. Pratique essa ideia!
Fonte: eCycle