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O que fazer com o aparelho de celular antigo?
Ele é composto por diversos materiais, entre eles algumas substâncias químicas tóxicas. Por isso, é importante descartar seu celular velho de maneira correta
Em 1973 surgiu o primeiro aparelho celular, o Dynatac. Ele pesava mais de um quilo, media 25 centímetros, a bateria durava 20 minutos (e demorava 10 horas para ser recarregada) e custava US$ 4 mil. De lá para cá, o celular sofreu diversas alterações e se tornou um equipamento fundamental para a vida de muitas pessoas e que faz muito mais do que simples ligações. Quanto mais moderno, maior é a quantidade de novas funcionalidades e o apelo do design - tudo isso faz com que haja grande comoção por novos lançamentos por parte do consumidor.
A tentação de trocar o aparelho celular por um mais novo e moderno é enorme. Mas essa troca desenfreada pode causar prejuízos à saúde e ao meio ambiente quando não realizada de maneira sustentável e consciente. Isso porque um aparelho celular contém diversos componentes. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), dos 118 elementos químicos presentes na tabela periódica, o celular contém 43 deles, como o mercúrio, o cádmio e o chumbo, que são metais tóxicos (descubra os componentes tóxicos presentes nos aparelhos eletrônicos e os riscos que eles trazem à saúde).
Além dos metais tóxicos, o celular também é composto por carcaça, placa de circuito impresso, bateria e chip. A carcaça é feita de polímeros plásticos, podendo ser de policarbonato (PC), poliamida (PA), blendas de policarbonato (PC) e acrilonitrilabutadieno estireno (ABS, na sigla em inglês). Há ainda a placa de circuito impresso (PCI), que são microprocessadores com funções de memória (é o "cérebro" do celular). Cerca de 24% dos materiais presentes nessa placa são cerâmicos, como a sílica, alumina, mica e titanato de bário, 12,7% são polímeros e 63,3% são metais. Segundo um estudo, os principais metais encontrados são: cobre, ferro, alumínio, estanho, tântalo, gálio, ouro, prata, cromo, mercúrio, cádmio, zinco, níquel e chumbo.
O grande problema da PCI é a soldagem feita de chumbo, elemento nocivo à saúde e prejudicial ao meio ambiente. Por esse motivo, as fábricas de celulares estão adotando uma nova liga na fabricação dessas placas, a lead-free, que é composta por estanho, prata e cobre.
Baterias
Os sistemas mais comuns de baterias de celular são:
Bateria níquel/cádmio
É o modelo de bateria mais antigo, criado em 1899. Possui baixo custo, curto tempo de vida útil, menor capacidade de carga e problema de “efeito memória”, ou seja, a bateria entende que está com carga completa e deixa de carregar, mesmo estando com o nível de carga baixo. Ela está em desuso, pois não é muito eficiente e possui cádmio, um contaminante tóxico.
Bateria hidreto metálico/óxido de níquel
Possui algumas vantagens, como menor potencial de poluição, maior densidade de energia (pode armazenar mais energia do que a de níquel/cádmio) e demora para descarregar. Além disso, nesse tipo de bateria há menos chance de ocorrer o “efeito memória”.
Bateria de íons lítio
Tecnologia mais recente, sendo utilizada na maioria dos aparelhos.
Como reciclar?
Segundo a Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM), o descarte incorreto dos materiais eletrônicos pode prejudicar a saúde e o meio ambiente, provocando a poluição do solo e da água; quando incinerados, podem emitir gases tóxicos.
Quando o celular é descartado em postos de coleta, ele passa por uma série de processos. Inicialmente, passam por um computador que faz a triagem, separando os equipamentos em condições de uso, que podem ser doados, dos que não podem ser reutilizados. Logo, os aparelhos celulares são desmontados e a carcaça, bateria e a PCI são separados. Cada um desses componentes tem um destino específico.
Em seguida, é dada uma destinação diferente para os componentes tóxicos com relação aos não tóxicos. Os componentes tóxicos são colocados em tanques, e os não tóxicos são triturados e vendidos para outros países que possuem a tecnologia de extração dos metais.
O Brasil é um dos líderes no descarte de resíduos de equipamentos elétricos e eletrônicos (REEE) – segundo estimativa da ONU, uma cidade como São Paulo produz cerca de 5,5 mil toneladas de resíduos eletrônicos por ano. Mas, infelizmente, o país não ocupa o primeiro lugar da lista dos países que descartam de modo correto esse tipo de lixo. Os motivos para isso se devem à divulgação incipiente de programas de reciclagem e de postos de coleta, bem como à falta de tecnologia para a reciclagem desse tipo de resíduo. No Brasil ainda não há, por exemplo, uma indústria de reciclagem de celulares, por isso as empresas que coletam esses aparelhos realizam, primeiramente, um pré-processamento destes e depois vendem o material para empresas recicladoras estrangeiras.
Com base na logística reversa da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS), os fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes devem recolher os produtos e resíduos remanescentes após o uso, dando uma destinação final ambientalmente adequada. Logo, as operadoras de telefonia móvel e os fabricantes devem aceitar modelos de aparelho celular fora de linha. Além disso, já existem caixas coletoras da prefeitura, supermercados, bancos, universidades entre outros locais. Para iniciar todo esse longo processo de reciclagem e reaproveitamento, é só descartar o aparelho nesses locais.
Fonte: eCycle