Autora:
THAIS SILVA MATOS
Tipo de Trabalho de Conclusão:
Tese
Programa de Pós-graduação:
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM REABILITAÇÃO E DESEMPENHO FUNCIONAL
Instituição:
Universidade de Pernambuco - UPE
Orientador:
Prof. Dr. Tarcísio Fulgêncio Alves da Silva
Coorientador
Prof. Dr. Carlos Dornels Freire de Souza
Resumo:
A hanseníase é uma doença infecciosa crônica, com alto potencial incapacitante quando não tratada, podendo ocasionar alterações funcionais e incapacidades físicas. O Brasil é o único país que ainda busca a meta de eliminação da doença enquanto problema de saúde pública, fato que se torna mais desafiador pela limitação de conhecimento da dinâmica da doença no território brasileiro. Desse modo, este trabalho teve como objetivo analisar a evolução temporal e distribuição espacial, dos indicadores epidemiológicos relacionados às incapacidades físicas grau dois em decorrência da hanseníase no Brasil. Estudo ecológico, de base população com o uso de dados sobre incapacidades físicas grau dois causadas pela hanseníase em todo o Brasil. A população foi composta por todos os casos novos de hanseníase diagnosticados e notificados em residentes do Brasil entre os anos de 2001 e 2022. Foram selecionados cinco indicadores epidemiológicos de incapacidades físicas da hanseníase para composição das variáveis: 1. Taxa de casos novos de hanseníase com grau 2 de incapacidade física no momento do diagnóstico por 1 milhão de habitantes; 2. Proporção de casos de hanseníase com grau 2 de incapacidade física no momento do diagnóstico entre os casos novos detectados e avaliados no ano; 3. Proporção de casos de hanseníase curados com grau 2 de incapacidade física entre os casos avaliados no momento da alta por cura no ano; 4. Proporção de casos novos de hanseníase com grau de incapacidade física avaliado no diagnóstico; 5. Proporção de casos curados no ano com grau de incapacidade física avaliado entre os casos novos de hanseníase no período das coortes. Na etapa 1, análise temporal - foi utilizado o modelo de regressão por pontos de inflexão. Calculado o Percentual de incremento anual (APC) e Média de variação percentual anual (AAPC). Para cada tendência detectada foi considerado o Intervalo de Confiança de 95% (IC 95%) e nível de significância de 5%. Na etapa 2, análise espacial dos indicadores – foi conduzida a análise espacial dos indicadores epidemiológicos incluídos no estudo. Em seguida, para a análise da dinâmica espacial foi utilizada a estatística de Moran global e local e Valor de P. Os resultados foram divididos em três artigos científicos: Resultado 1. Foram registrados 50.466 casos novos de hanseníase com GIF2 no período estudado, sendo 97,4% com idade >14 anos, 70,2% do sexo masculino, 45,7% pardos, 87,6% com baixa escolaridade, 90,2% multibacilares e 47,5% forma clínica dimorfa. Observou-se tendência decrescente na detecção de hanseníase com grau de incapacidade física 2, com redução anual média de 2,8%. As regiões Sudeste, Sul e Norte apresentaram tendência decrescente, 14 estados e 4 capitais apresentaram declínio da taxa. 635 (14,1%) municípios situaram-se no quadrante de maior risco. Resultado 2. A qualidade dos serviços de hanseníase no diagnostico, mostrou que o Brasil e as regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul mantiveram-se qualidade regular e tendência estacionária. A região Norte apresentou qualidade boa e tendência estacionária. O Nordeste apresentou qualidade regular com tendência de queda. Na efetividade das atividades de detecção oportuna de hanseníase, o Brasil (AAPC: 2,9) e as regiões Norte (AAPC: 4,2), Nordeste (AAPC: 2,8), Centro-Oeste (AAPC: 3,9), Sudeste (AAPC: 3,3) e Sul (AAPC: 1,9) apresentaram tendência de crescimento. O indicador nacional e das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste foram classificados como médio. As regiões Sul e Sudeste tiveram parâmetro alto. Quanto à proporção de grau 2 de incapacidade física no diagnóstico, houve tendência crescente em 22 estados, com destaque para Santa Catarina (AAPC: 6,2) e Espírito Santo (AAPC: 5,4). Resultado 3. A avaliação do Grau de Incapacidade Física na cura, apresentaram padrão estacionário no Brasil e em todas as regiões. O desempenho foi considerado ruim no Brasil (67,1%), e nas regiões nordeste (60,0%), e centro-oeste (69,3%) e sul (72,9). O Sudeste (76,7%), apresentou desempenho regular. Alagoas (AAPC1,7%), Mato Grosso (AAPC 3,4%) e Rio Grande do Sul (AAPC 6,9%) apresentaram tendência de crescimento. Acre (AAPC -2,6%) e Amazonas (AAPC -2,1%) tiveram tendencia de queda. Na proporção de grau 2 de incapacidade física na cura, o Brasil (AAPC 6,6%) e a região Sudeste (AAPC 7,1%) apresentaram padrão de crescimento. As regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul, além de 21 estados, apresentaram tendência estacionário. Seis estados apresentam tendência de crescimento: Bahia (AAPC 10,4%), Distrito Federal (AAPC 11,6%), Espírito Santo (AAPC 7,8%), São Paulo (AAPC 13,3%), Santa Catarina (AAPC 14,2%) e Rio Grande do Sul (AAPC 14,9%). Entre 2016 e 2021, houve redução dos estados com menores proporções de GIF2 e aumento no número de estados com proporção de GIF2 ≥10% no momento da cura. Os indicadores epidemiológicos sinalizaram a necessidade de implementação de medidas para melhorar a qualidade e efetividade dos serviços de hanseníase no diagnóstico e na cura. Foi observado desigualdade espacial na ocorrência de incapacidades grau 2 por hanseníase, o que pode ter relação com os diferentes serviços entre as regiões de saúde e com a implementação de ações de controle da doença, especialmente no que diz respeito ao diagnóstico e tratamento oportunos.
Palavras-chave:
doença de Hansen; pessoas com deficiência; geoprocessamento; fatores geográficos.