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Egressa da Univasf está entre os 50 finalistas do Prêmio Educador Nota 10 de 2020

publicado: 17/07/2020 15h27 última modificação: 17/07/2020 15h34
Gersica Brito

Egressa da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), professora da Educação Básica e apaixonada pela Química. Essas são algumas particularidades de Keiliane Almeida de Oliveira, uma das 50 finalistas do Prêmio Educador Nota 10 de 2020. Entre quase 4 mil projetos de todos os estados brasileiros, o “Dessalinizador solar de baixo custo: uma alternativa sustentável” foi o projeto realizado por Keiliane e seus alunos do 2º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Quilombola de São Tomé, em Campo Formoso (BA), que a levou até a final.

Nascida em Carnaíba de Pindobaçu, no interior da Bahia, a finalista estudou durante toda a sua trajetória escolar no ensino público. Em 2014, se graduou em Licenciatura em Ciências da Natureza, pelo Campus do Senhor do Bonfim (BA) da Univasf. Logo em seguida, em 2016, concluiu o mestrado em Ciências da Saúde e Biológicas também pela Univasf.

Keiliane diz que em toda a graduação sempre almejou ser uma professora do ensino básico. “Para mim é bastante gratificante estar em uma escola de educação básica, porque transformação na educação a gente faz na base. O chão da escola é que vai te fazer pensar e refletir sobre ações que irão transformar. Então, trabalhando na base, seu aluno vai sair para ser um cidadão e saber exercer sua cidadania”, ressalta a professora.

Em 2015, Keiliane iniciou a carreira que tanto almejava. Tornou-se professora de Química no Colégio Estadual Quilombola de São Tomé, zona rural de Campo Formoso. O povoado de São Tomé, onde está localizada a escola, é morada da comunidade quilombola que fez parte da elaboração e desenvolvimento do projeto. Os habitantes da comunidade convivem com a carência de água potável devido à elevada concentração de sais, que a tornam salobra e, consequentemente, passível de ocasionar danos à saúde dos que a consomem.

Diante desse cenário, Keliane decidiu incentivar seus alunos a encontrar uma solução para o problema. A associação da Química ao contexto foi o ponto de partida. O projeto foi pensado numa perspectiva de resgate da cultura local e dos valores socioambientais dos alunos. Além disso, tornar o ensino da Química mais lúdico foi também um dos objetivos da educadora.


Kailene e seus alunos do Colégio Estadual Quilombola de São Tomé.

A primeira fase de execução contou com questionários respondidos pelos moradores, para que a necessidade deles fosse descoberta. Depois, foram feitas maquetes para representar fontes renováveis de energias, estudá-las e assim decidir qual delas seria usada no protótipo. Keiliane destaca que o aluno só avançava de etapa quando se apropriava do conhecimento proposto em cada fase. Outra etapa significativa foi a de aulas em campo. Nelas, os estudantes aprendiam sobre o relevo local, as formações rochosas, o ciclo da água e a poluição causada pela comunidade. Após o levantamento bibliográfico e de campo, a professora e o alunos conseguiram encontrar ferramentas que dariam retorno para a comunidade. O resultado foi um protótipo simples, de baixo custo, de fácil construção e movido a energia solar.

O dessalinizador é acessível para qualquer morador que queira replicá-lo. Keiliane ressalta que serão realizadas oficinas para ensinar a comunidade reproduzir o projeto. Como a finalização do protótipo coincidiu com o início do isolamento social devido à pandemia causada pelo novo coronavírus, as oficinas precisaram ser adiadas. Além da indicação ao Prêmio Educador Nota 10, o projeto do dessalinizador também foi apresentado em duas feiras da região.

Keiliane afirma que sua formação acadêmica lhe proporcionou a apropriação do conhecimento através do processo investigativo, através do ensino contextualizado. Além disso, a fez refletir e a ensinou como trabalhar com materiais de baixo custo, se adaptar a diferentes realidades e educar com qualidade com o que se tem à mão. Na graduação, participou do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), em que também trabalhou numa comunidade quilombola, sempre com o objetivo de atrelar uma problemática local ao ensino das ciências.

A educadora diz que hoje se sente parte da comunidade que trabalha. Para ela a indicação como finalista do prêmio é o reconhecimento do seu trabalho e um retorno para a comunidade que a acolheu de forma saudosa e amigável. “A profissão em si não é muito valorizada. Ela depende dos nossos sacrifícios diários, temos que dar nosso melhor diariamente e gostar do que a gente faz, que é ensinar. O prêmio para mim é o reconhecimento do meu trabalho e da comunidade que me apoia e do ensino que faço no Colégio Estadual Quilombola de São Tomé”, finaliza Keiliane.

Prêmio Educador Nota 10 – Criado em 1998 pela Fundação Victor Civita, o Prêmio Educador Nota 10 reconhece e valoriza professores da educação infantil ao ensino médio, coordenadores pedagógicos, gestores escolares de escolas públicas e privadas do Brasil. Ele é dividido em três fases. Na primeira, são escolhidos 50 finalistas, depois 10 vencedores e por último o Educador do Ano. Cada um dos premiados recebe um vale-presente no valor de R$ 15 mil. O Educador do Ano ganha outro vale-presente no valor de R$ 15 mil, e as escolas dos vencedores recebem uma verba para celebração. Este ano, devido à pandemia, o anúncio dos vencedores será realizado nos canais do prêmio, que estão disponíveis no site oficial do Educador Nota 10.