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Egresso de Arqueologia e Preservação Patrimonial da Univasf vence Prêmio Luiz de Castro Faria com melhor monografia de graduação

publicado: 26/11/2021 16h18 última modificação: 26/11/2021 16h35
Júlia R. Mendes


Rafael Magalhães com a bisavó Domisiana Pinto Magalhães, de 93 anos, uma das entrevistadas para o TCC. / Fotos: Arquivo pessoal.

“Registro de práticas alimentares na comunidade Lagoa do Canto: Saberes e fazeres a partir da memória social”. Esse é o título do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Rafael Pereira Magalhães, egresso do curso de Arqueologia e Preservação Patrimonial da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), que foi premiado na 9ª edição do Prêmio Luiz de Castro Faria. Realizada pelo Centro Nacional de Arqueologia (CNA), unidade especial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), a premiação tem como objetivo reconhecer a pesquisa acadêmica que versa sobre o tema da preservação do patrimônio arqueológico brasileiro. A monografia trata da identificação e registro de recursos alimentares vegetais, que estão disponíveis na caatinga, técnicas de coleta e preparo.

O trabalho venceu na categoria “Monografia de Graduação”, sendo notabilizado por sua originalidade e por tratar de um assunto que mereça registro, divulgação e reconhecimento. Na monografia, orientada pelo professor Alencar de Miranda Amaral, do Colegiado de Arqueologia e Preservação Patrimonial, o estudante conta que buscou incluir pessoas nos discursos sobre o patrimônio, sobretudo o imaterial, saberes e fazeres locais. Magalhães aborda tópicos como memória, arqueologia pública, registro de secas no Nordeste, clima, vegetação e muito mais. O resultado completo da premiação pode ser acessado através deste link.

Para o pesquisador, o trabalho almeja contribuir para a ampliação das temáticas abordadas na região de São Raimundo Nonato (PI), município onde está situado o Campus Serra da Capivara da Univasf, que o oferta o curso de Arqueologia e Preservação Patrimonial. “É relevante para a valorização, preservação e divulgação dos saberes e fazeres. Incluir vozes nos discursos sobre patrimônio pode servir de fonte e referência para algum morador ou outra pessoa que almeje trabalho na localidade, já que as fontes sobre a comunidade são escassas”, pontua.

Durante a produção do trabalho, que também faz uma interpretação sobre a história de formação da comunidade junto aos moradores, foi realizado um levantamento bibliográfico de temas relevantes, para contextualizar alguns aspectos da região Nordeste. No trabalho de campo, foram feitas coletas de relatos e a prospecção, sem intervenção no solo ou subsolo da área, para identificar as matérias utilizadas e locais importantes para a história da comunidade.

Magalhães conta que a importância do tema vai além da relevância científica. “A pesquisa trata da comunidade onde meus pais cresceram e viveram por bastante tempo, bem como eu já vivi vários momentos nessa comunidade. De certa forma, o trabalho aborda a história de amigos e pessoas da minha família, que atualmente vivem na localidade”.

Segundo o orientador do trabalho, professor Alencar de Miranda Amaral, o aspecto mais importante desta premiação é o reconhecimento de que é possível e necessário construir pesquisas que sejam sensíveis às realidades e especificidades locais. “Essa é uma monografia desenvolvida por um pesquisador que elenca sua comunidade como lócus de trabalho e aborda uma temática com a qual ele, e seus colaboradores, mantêm vínculos afetivos, contribuindo para a contestação da falsa dicotomia entre conhecimento erudito e popular. A monografia também é uma demonstração clara de que a democratização do acesso ao ensino superior tem fomentado a construção de conhecimentos acadêmicos menos assimétricos e socialmente relevantes, e a Univasf tem contribuído para que isso se torne realidade no Vale do São Francisco”, ressalta.

Prêmio Luiz de Castro Faria – Criado em 2013, o prêmio é uma homenagem ao pesquisador Luiz de Castro Faria, que foi atuante no Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Faria contribuiu para a formação de especialistas e professores no campo da Arqueologia. Todas as edições do concurso e mais informações podem ser encontradas no site do Iphan.