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Evento na Univasf provocou reflexão sobre inclusão e acessibilidade

publicado: 01/03/2019 15h20 última modificação: 01/03/2019 15h20
Beatriz Granja
Exibir carrossel de imagens Fotos: Beatriz Granja Ações do projeto Sentindo na Pele fizeram parte da programação do "Quem é Cego?".

Ações do projeto Sentindo na Pele fizeram parte da programação do "Quem é Cego?".

Com o tema “Compreendendo o conceito de inclusão, vivência do outro e autonomia”, o evento “Quem é Cego?” movimentou a manhã no bloco de salas de aula do Campus Sede da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Petrolina (PE), na última quarta-feira (27). Estudantes do curso de Psicologia realizaram várias atividades que, além de provocar a reflexão, possibilitaram aos presentes vivenciar alguns desafios que as pessoas com deficiência visual encontram no espaço acadêmico.

Na Tenda Braille, uma das ações realizadas, foram expostos objetos que são usados por estudantes cegos como reglete, linha Braille e máquina de escrever Braille. O projeto Sentindo na Pele, do Núcleo de Práticas Sociais Inclusivas (NPSI) da Univasf, fez com que os participantes vivenciassem um pouco a rotina das pessoas com deficiência visual. Em seguida, houve uma roda de conversa com a participação do revisor de textos em Braille do NPSI Milton Pereira, da psicóloga Julianna Caffé e da estudante Thalita Evangelista.

A psicóloga Julianna Caffé, que é egressa da Univasf e tem deficiência visual, relatou suas experiências. Julianna foi diagnosticada aos 17 anos com retinose pigmentar, uma doença que causa a perda progressiva da visão e foi durante a graduação que ela ficou cega. A psicóloga contou, que no começo foi difícil aceitar a deficiência e não se sentia à vontade para falar sobre o assunto. “Hoje, me sinto mais segura em poder falar sobre a deficiência e faço questão de ocupar esses espaços. Acredito que a partir do momento em que falo das minhas dificuldades, estou dando a oportunidade para que outras pessoas também se sintam seguras em se abrir diante de alguns problemas”, relatou.

Para a estudante de Psicologia Sabrina Matias, que participou das atividades, passar pelas experiências do projeto Sentindo na Pele faz com que as pessoas valorizem mais as questões da acessibilidade. “É fazendo essa experiência com o sensorial, que nós exploramos outros sentidos. Com a venda e a bengala, fui capaz de perceber um pouco o quanto é difícil ter que se deslocar, identificar locais e pessoas. Atividades simples no nosso cotidiano, mas que para um cego pode ser um grande desafio”, contou a estudante.

De acordo com o discente Raí Coelho, que integra a equipe organizadora do evento, realizar ações com a temática da inclusão é importante para que a sociedade se sensibilize com as dificuldades que as pessoas com deficiência enfrentam no dia a dia. “Como ser humano, é gratificante organizar eventos que trabalham com a inclusão, pois vivemos em um ambiente muito corrido e agitado e não temos tempo para refletir sobre essas questões. Não fazemos ideia das dificuldades que existem para uma pessoa cega estar inserida em ambientes que não são totalmente adaptados”, comentou.

Uma iniciativa de estudantes do curso de Psicologia da Univasf, o “Quem é Cego?” foi realizado como atividade da disciplina de Práticas Integrativas, sob a orientação da professora Karla Daniele Maciel. O evento também contou com o apoio do NPSI.