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Grupo de pesquisa da Univasf descreve em artigo internacional uma nova molécula presente em planta típica da Caatinga
O caroá é uma planta nativa da Caatinga que é muito utilizada para ornamentação e para extração de fibras que são usadas para fabricação de artesanato. Além desses usos, já conhecidos, pesquisas realizadas pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas de Plantas Medicinais (NEPLAME) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em parceria com pesquisadores da Universidade de Bergen, na Noruega, vêm mostrando, também, o potencial químico e farmacológico de extratos dessa planta. Alguns resultados dessa pesquisa foram publicados em um artigo na revista Heliyon, da editora holandesa Elsevier, em sua edição de março de 2019.
O artigo se intitula: "A novel poly-oxygenated flavone glucoside from aerial parts of the Brazilian plant Neoglaziovia variegata (Bromeliaceae)", que, em tradução livre, significa: “Uma nova flavona glicosilada polioxigenada das partes aéreas de Neoglaziovia variegata (Bromeliaceae)”. Ele foi escrito pelo professor do Colegiado de Farmácia da Univasf e coordenador do NEPLAME, Jackson Roberto Guedes da Silva Almeida e pelos pesquisadores Ayaan Hamdi Haji Ibrahim, Lars Herfindal, Bendik Rathe, Heidi Lie Andersen e Torgils Fossen. Esse estudo é fruto da continuidade de pesquisas relacionadas à planta que já vinham sendo feitas em parceria com a Universidade de Bergen, com quem a Univasf mantém um convênio desde 2012.
A pesquisa descreve o potencial farmacológico descoberto na espécie Neoglaziovia variegata, o coroá. No primeiro momento do estudo foram identificados alguns constituintes químicos que são produzidos pela planta como ácidos graxos, alcanos, vitaminas, diterpenos e triterpenos, que são importantes para os seres humanos por possuírem propriedades nutricionais e farmacológicas. A planta também apresentou atividade antinociceptiva, anti-inflamatória, fotoprotetora, antioxidante, gastroprotetora e antibacteriana.
Já nesse artigo foram identificados três flavonoides, entre eles, uma nova molécula, que está sendo descrita pela primeira vez na literatura. Por ser inédita, ainda serão feitas pesquisas para descobrir quais suas atividades farmacológicas, mas o artigo descreve que a molécula possui atividade citotóxica que, de acordo com Guedes, pode ter aplicação futura no tratamento do câncer, por exemplo.
Ainda segundo o professor, o estudo mostra o potencial de espécies nativas da Caatinga para a descoberta de novas moléculas. Além disso, estudos como esse podem trazer subsídios para a formulação de políticas públicas para a conservação de plantas do bioma Caatinga.
“Aqui na Univasf nós temos desenvolvido um trabalho de estudo da composição química e avaliação da atividade farmacológica de plantas do bioma Caatinga e podemos dar uma grande contribuição a essa discussão sobre a conservação de espécies do bioma. Essa foi a terceira publicação envolvendo os grupos de pesquisa dessas universidades e isso é importante para a nossa instituição porque mostra que a parceria vem trazendo resultados interessantes do ponto de vista científico, o que contribui para dar visibilidade à nossa instituição em nível internacional. Além disso, tem o impacto social e regional da pesquisa, pois estamos devolvendo à população o conhecimento que é produzido dentro da universidade, a partir do estudo de uma planta típica do nosso bioma Caatinga”, afirma o professor.