Elaboração do Guia teve participação de uma docente, duas estudantes e uma egressa do curso de Farmácia da Univasf.

Você sabe o que significa a sigla LGBTI+? Conhece as dificuldades da comunidade LGBTI+ para ter acesso a serviços de saúde inclusivos? Entende os conceitos de identidade de gênero e orientação sexual? Para disseminar essas informações entre os profissionais da área, o Conselho Regional de Farmácia da Bahia (CRF-BA) publicou o primeiro Guia do Cuidado Farmacêutico para a Comunidade LGBTI+. A publicação foi elaborada pelo Grupo de Trabalho (GT) Farmacêuticas pela Diversidade, do qual fazem parte uma docente, duas discentes e uma farmacêutica graduada pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). O guia apresenta os primeiros passos para um atendimento humanizado e a criação de ambientes mais inclusivos.

Em suas 44 páginas, a publicação discute especificamente o cuidado farmacêutico para a comunidade LGBTI+ com sugestões para tornar o serviço dos profissionais de Farmácia mais respeitoso a essas pessoas, como o uso do pronome neutro. O Guia também explica o significado da sigla LGBTI+, os conceitos de identidade de gênero, expressão de gênero, orientação sexual e apresenta um histórico das políticas públicas voltadas à comunidade, além das dificuldades para acessar serviços de saúde e como isso impacta na qualidade de vida dessas pessoas. A política brasileira utiliza a variação mais curta da sigla, LGBT, porém, para dar visibilidade às principais identidades brasileiras, no material foi usada a variação LGBTI+.

Isabel Dielle Souza Lima Pio é professora do Colegiado de Farmácia (CFARM), coordenadora do Centro de Informação sobre Medicamentos (CIM) da Univasf e integrante do GT que elaborou o guia. Ela diz que a ideia surgiu a partir de uma live, promovida pelo CRF-BA, sobre o atendimento farmacêutico à comunidade LGBTI+. “Essa live gerou uma discussão bem interessante e importante e acabou reverberando na formação das Farmacêuticas pela Diversidade”, relata.

De acordo com ela, o grupo observou que a comunidade mostra maior dificuldade de acessar serviços básicos, como, por exemplo, uma farmácia comunitária. “A elaboração do guia foi motivada pelo reconhecimento das barreiras, não só sociais, mas também culturais, que fazem a comunidade LGBTI+ ser marginalizada do cuidado farmacêutico. Essa marginalização histórica é a grande motivação para iniciar esse debate”. Os indicadores sanitários, quando se compara a comunidade LGBTI+ à comunidade hétero e cisgênero, apresentam números ruins, reflexo da precariedade no cuidado da saúde.

A professora Isabel diz que o guia tem relevância tanto institucional, quanto social. “A partir do momento que se permite ampliar o seu olhar de atuação e formação para comunidades historicamente marginalizadas, possibilita a formação de profissionais melhores e isso é de grande relevância em nível institucional. Temos o apoio do Conselho Federal de Farmácia (CFF), então o material tem relevância para toda a categoria farmacêutica do Brasil”, destaca. A professora explica que falta habilidade para o atendimento dessa comunidade. “As farmácias e farmacêuticos agora podem contar com um guia básico para começar a estudar sobre o assunto e prover cuidado em farmácia para todas as pessoas, independente de orientação sexual e identidade de gênero”.

O GT Farmacêuticas pela Diversidade, que é formado por nove mulheres profissionais de Farmácia, estuda e discute sobre o que existe na literatura mundial de políticas públicas relativas ao cuidado farmacêutico com a comunidade LGBTI+. O guia está disponível para download gratuito no site do Conselho Regional de Farmácia da Bahia e também no site do Conselho Federal de Farmácia.