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Intercâmbio de saberes sobre extensão rural marcou o I CIIERD
Durante três dias, estudantes, professores, pesquisadores, profissionais, representantes de movimentos sociais e agricultores de vários estados do país circularam pelo Campus Juazeiro da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), compartilhando saberes acadêmicos, técnicos e populares acerca do ambiente rural, no I Congresso Internacional Interdisciplinar em Extensão Rural e Desenvolvimento (CIIERD). O evento reuniu aproximadamente 1,2 mil pessoas para discutir as mais diversas temáticas relacionadas ao extensionismo no meio rural, numa grande miscelânea de saberes e experiências, que movimentou não apenas o Complexo Multieventos, mas também o Espaço Plural da Univasf, onde houve algumas atividades.
O congresso, que teve início no sábado (28) e foi encerrado na segunda-feira (30), foi promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Extensão Rural (PPGExR) da Univasf em parceria com o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), o Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE), a Universidade do Estado da Bahia (Uneb), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Semiárido), a Companhia de Desenvolvimento e Ação Regional projeto Pró-Semiárido do Governo da Bahia, e a Companhia do Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf).
Para a pró-reitora de Extensão e presidente do I CIIERD, professora Lucia Marisy, o Congresso trouxe resultados muito positivos, além de ter superado as expectativas em relação ao número de participantes. Lucia Marisy ressaltou que os palestrantes abordaram temáticas muito relevantes sobre extensionismo, agroecologia, desenvolvimento e sustentabilidade. “Esperamos que novos pré-supostos possam ser considerados pelos programas de pós-graduação a partir de agora. A sociedade deseja uma produção agrícola mais limpa e agroecológica e as ações extensionistas podem dar uma grande contribuição neste sentido”, afirmou.
Números – O I CIIERD atingiu grandes números. Foram quatro eventos em um, pois o congresso aconteceu simultaneamente ao III Encontro Nacional da Agricultura Familiar (III ENAFRA), à II Feira de Empreendedorismo de Mulheres e à VI Semana de Ciências Sociais. Dos 1,2 mil participantes, 400 eram agricultores e integrantes de comunidades tradicionais, indígenas e movimentos sociais dos estados de Pernambuco, Bahia e Piauí. Cerca de 100 pessoas, entre servidores e estudantes, participaram da organização do evento. Foram promovidas 33 oficinas e 18 minicursos, além de sete mesas redondas e apresentações culturais. Um total de 215 trabalhos foi apresentado nas modalidades oral e em banner.
A agricultora Raimunda Januário da Silva apresentou um relato de experiência sobre a horta urbana Hortovale, localizada no bairro João de Deus, em Petrolina (PE). “Foi uma experiência muito rica, porque a gente trocou muitas experiências, aprendeu muito e teve a oportunidade de fazer um trabalho sobre o nosso assentamento”, contou. Para ela, o contato com professores e estudantes durante o CIIERD também foi muito importante e esse intercâmbio de saberes irá acompanhá-la em suas atividades do dia a dia.
Depois de participar da mesa redonda intitulada “Violência no Campo e Direitos das Comunidades Tradicionais“, o coordenador Estadual de Articulação de Comunidades Quilombolas no Piauí, Nego Bispo, avaliou o CIIERD como um evento importante e oportuno, que possibilitou a participação dos movimentos sociais, com a discussão de temas variados e intercâmbio entre os participantes. Na avaliação dele, no entanto, poderia ter havido mais interação entre a academia e os movimentos sociais nas mesas redondas. “A fala dos movimentos sociais ficou para as mesas finais. Então, no próximo congresso, as mesas deveriam ser mais diversificadas desde o início”, comentou.
Os participantes do I CIIERD tiveram a oportunidade de assistir palestras ministradas por professores e pesquisadores de diversas instituições do país. A Conferência de abertura foi ministrada pelo professor da Universidade de Buenos Aires, Pablo Aristide, que falou sobre o tema central do congresso: “Resistências, Modos de Vidas e Sustentabilidade no Meio Rural”.
“No CIIERD, os pequenos produtores rurais tiveram a oportunidade de vivenciar e aprender o conhecimento produzido na Universidade. Houve uma verdadeira difusão de experiências”, disse o professor René Cordeiro, que ministrou a oficina de Sistema de Produção Integrada, para um grupo de 50 participantes, composto por estudantes e produtores rurais, no Espaço Plural.
Premiação – Os melhores trabalhos apresentados durante o I CIIERD foram premiados com um tablet. Na modalidade Relato de Experiência Técnica, o primeiro lugar foi para o trabalho “Famílias geram renda e fortalecem a construção da cidadania através das hortas urbanas e rurais no município de Remanso/BA”, de autoria de Darllan Victor da Costa Silva, Diego Souza e Francisco José da Silva. Na categoria Relato de Experiência Popular, foi considerado o melhor trabalho “A Experiência da Horta Orgânica no Assentamento Mandacaru, Petrolina – PE”, realizado por Vicente Joaquim Cruz, Ozaneide Gomes dos Santos, Helder Ribeiro Freitas, Diego Lima Verde e Rita de Cássia Rodrigues Gonçalves-Gervásio. E na modalidade Trabalho Científico, o vencedor foi “Feminismo e diversidade econômica nos espaços rurais”, de autoria de Ana Paula de Moura Varanda. A premiação ocorreu durante o encerramento do I CIIERD.