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Projeto do Nema realiza plantio de 37 mil mudas em áreas de proteção da ararinha-azul

publicado: 19/06/2023 09h45 última modificação: 19/06/2023 17h10
Karen Lima


As espécies escolhidas para a recuperação das áreas são nativas e adaptadas à Caatinga. Foto: Fábio Socolowski

Para que as ararinhas-azuis (Cyanopsitta spixii) possam ter condições favoráveis para seu desenvolvimento e restabelecimento na natureza, o Projeto RE-Habitar Ararinha-azul realiza a recuperação de áreas degradadas no interior do Refúgio de Vida Silvestre (RVS) da Ararinha Azul, em Curaçá (BA). Planejado e executado pelo Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (Nema) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), o projeto concluiu o plantio de 37 mil mudas em abril deste ano. Este esforço foi realizado com o envolvimento de profissionais de diversas áreas do conhecimento, incluindo moradores locais, em cerca de 194 hectares de Caatinga e mata ciliar.

As espécies escolhidas para a recuperação das áreas são nativas e adaptadas à Caatinga e ainda são utilizadas pelas ararinhas-azuis como alimento, dormitório ou para formação de ninhos, e também pelas comunidades tradicionais da região nas suas atividades do cotidiano. São plantas como caraibeira (Tabebuia aurea), carnaúba (Copernicia prunifera), umbuzeiro (Spondias tuberosa), aroeira (Astronium urundeuva), xique-xique (Xiquexique gounellei) e catingueira (Cenostigma pyramidale). No total, são 24 espécies, todas com elevado grau de ocorrência na região da bacia hidrográfica do rio Curaçá.


Plantio de Núcleos de Aceleração da Regeneração Natural com espécies secundárias. Foto: Karen Lima

Para a realização do plantio foi utilizado o método de enriquecimento, que consiste na introdução de mudas em locais com melhores condições, e de modelos de nucleação desenvolvidos pelo Nema para áreas com maior nível de degradação. Neles, são plantadas espécies capazes de melhorar significativamente o ambiente, dispostas em formato de núcleos ou ilhas de plantio. São os Núcleos de Aceleração da Regeneração Natural com espécies pioneiras (NARNP), que possuem características que facilitam o estabelecimento de outras espécies, e com espécies secundárias (NARNS), que contribuem para a diversidade, ambos favorecendo o seguimento da sucessão ecológica. Ao todo, foram implantados 2.844 núcleos.

 Para a recuperação das áreas, ainda foi realizada semeadura direta, finalizada em janeiro deste ano, com mais de 450 kg de sementes de dez espécies herbáceas (ervas) e arbustivas (arbustos) em uma área total de 15,45 hectares. As áreas em recuperação estão sendo monitoradas quanto à sobrevivência das mudas, à cobertura do solo e ao sucesso da recuperação. Após um ano, as mudas mortas devem ser replantadas.

De acordo com o ecólogo Fábio Socolowski, diretor de pesquisa e planejamento do Nema, a recuperação de áreas degradadas com o plantio de mudas de espécies nativas, de ocorrência regional, é de reconhecida importância ambiental e tradicional e busca garantir bons resultados no processo de restauração florestal. “Esperamos que com o passar do tempo, nas áreas em recuperação, não somente ocorra a melhoria da qualidade dos serviços ambientais na região, mas também do habitat da ararinha-azul e das atividades produtivas da região”, ressalta.

RE-Habitar Ararinha-azul - Projeto do Núcleo de Ecologia e Monitoramento Ambiental (Nema) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), aprovado em chamada do Global Environmental Facility (GEF Terrestre). A iniciativa conta com a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento (Fade) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) como fundação de apoio responsável pela gestão administrativa. 

O GEF Terrestre é coordenado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), com o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) como agência executora e o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) como financiador.