A agricultora Maria Aparecida de Matos trabalha com a criação de galinhas em seu quintal produtivo. Fotos: Ascom NGPS

Os quintais produtivos são espaços que integram subsistemas variados, como o cultivo de hortas, plantas medicinais, frutíferas, além da criação de animais, que garantem a segurança alimentar e a renda para as famílias. Também são espaços de identidade e desenvolvimento de tecnologias sociais conduzidos, em sua maioria, por mulheres. Nas Vilas Produtivas Rurais (VPRs) do Projeto de Integração do São Francisco (Pisf), as mulheres atendidas pelo Núcleo de Gestão de Projetos Sociais (NGPS), estrutura da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), também são maioria na liderança dos quintais produtivos nas áreas de reassentamento.

A agricultora familiar Damiana Oliveira (30), que reside na VPR de Quixeramobim, no município de São José de Piranhas, na Paraíba, é um exemplo de liderança no trabalho com quintais produtivos. Ela trabalha com horta agroecológica, com foco na produção de coentro. Assim como a maioria das mulheres das áreas rurais e urbanas, Damiana também enfrenta a dupla jornada de trabalho: em casa, com as duas filhas e o esposo, e na roça, com os plantios agroecológicos.

A agricultora familiar Damiana Oliveira.

Os produtos da horta de Damiana são comercializados nas comunidades vizinhas e na Feira da Agricultura Familiar, que acontece toda quinta-feira, em São José de Piranhas. Além de garantir a segurança alimentar da família, os quintais produtivos são uma importante fonte de renda, possibilitando o empoderamento financeiro da agricultora.

“Com a chegada da transposição, avançamos! Passamos a trabalhar com hortas e temos uma fonte de renda. Trabalhar em nossa horta é muito importante, pois estamos o tempo todo em família, não precisamos sair para trabalhar em firma, em outra cidade, pois aqui temos a nossa fonte de renda, que nos torna cada vez mais independentes”, destacou a agricultora familiar.

Na VPR Bartolomeu, em Cajazeiras, a 15 km de Quixeramobim, a agricultora Maria Aparecida de Matos (38) trabalha com a criação de galinhas em seu quintal produtivo, enquanto o esposo atua com a plantação de feijão e milho. Ela tem dois filhos e, todos os dias, acorda cedo para organizar a rotina da casa e o espaço de criação das aves, que fica na área externa de sua residência.

A comercialização dos produtos do quintal produtivo da agricultora acontece tanto na VPR Bartolomeu quanto nas comunidades vizinhas, através da venda de galinhas e ovos caipiras. Apesar de ainda não viver exclusivamente da criação das aves, a agricultora explicou que pretende expandir o quintal produtivo para aumentar tanto a produção quanto a comercialização da galinha caipira em sua propriedade.

“Meu dia a dia é bem corrido, mas gosto dessa rotina, do meu trabalho, de estar na lida no quintal produtivo. É um orgulho para mim ser mulher da zona rural, pois vivo e faço o que gosto”, afirmou Maria Aparecida.

Assistência técnica do NGPS: A atividade feminina nos quintais agroecológicos constitui a maior força de trabalho nos sistemas alimentares, impactando diretamente a economia local das áreas rurais. De acordo com a gerente de Gestão Social e Economia Solidária do NGPS, Andrea Aquino, o Núcleo, através do acompanhamento técnico continuado, tem atuado no processo de empoderamento das mulheres rurais e no fortalecimento das atividades dos quintais produtivos, uma vez que o trabalho feminino é fundamental para a manutenção da segurança alimentar das famílias rurais. Além disso, os quintais são lugares de manifestações dos saberes tradicionais e de construção de novos conhecimentos.

O NGPS também atua no incentivo ao protagonismo feminino em outras frentes de trabalho, como a pesca, a apicultura e o artesanato, possibilitando o surgimento, de acordo com as necessidades de cada VPR e das próprias agricultoras, de grupos de interesse compostos exclusivamente por mulheres rurais.

Horta cultivada por Damiana.

“Trabalhamos na perspectiva de potencializar a participação das mulheres nos cursos de capacitação, para que sua atuação seja diversa, não se restringindo a apenas um tipo de atividade, mas permitindo que elas atuem em diferentes frentes de trabalho, inclusive em espaços historicamente ocupados por homens. O Núcleo também tem buscado fortalecer e direcionar as mulheres rurais para políticas públicas de fomento à produção e geração de renda”, explicou Andrea Aquino.

Caderno Quintais Produtivos: O NGPS dispõe em seu acervo do Caderno Quintais Produtivos, desenvolvido com o objetivo de fomentar novos projetos e parcerias para o Núcleo. Esse material é fruto de uma construção coletiva, através do acompanhamento técnico continuado. O Caderno reúne experiências que envolvem o uso de metodologias participativas, como o Diagnóstico Rápido Participativo (DRP), para a proposição colaborativa de quintais produtivos nas VPRs do Pisf, além de conter alternativas desenhadas a partir de tecnologias sociais.

Por: Ascom NGPS