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Roda de Conversa discutiu ansiedade, depressão e bem-estar na educação de crianças e adolescentes

publicado: 17/09/2019 14h13 última modificação: 18/09/2019 13h58
Renata Freitas


Pais e profissionais discutiram sobre depressão em crianças e adolescentes.

Em tempos em que ansiedade e depressão atingem também crianças e adolescentes, dezenas de pais e profissionais das áreas de psicologia e educação reuniram-se na Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) para debater o assunto e discutir possíveis soluções. As discussões aconteceram durante a Roda de Conversa “Ansiedade e depressão nos filhos: possibilidades de ações para pais e cuidadores”, promovida pelo Núcleo de Estudos e Pesquisas sobre Infâncias e Educação Infantil (Nupie) e pelo Centro de Práticas e Estudos em Psicologia (Ceppsi), na última quinta-feira (12), no Campus Sede, em Petrolina (PE).

O sentimento de culpa dos pais, as frustrações dos filhos e a influência das novas tecnologias no processo educativo foram algumas das temáticas que permeiam a ansiedade e a depressão que foram discutidas pelo grupo. Dos psicólogos e educadores, os participantes ouviram que não há receita que possa solucionar todos os desafios envolvidos na relação pai e filho, mas que é preciso valorizar a vida e os momentos vivenciados com as crianças e os adolescentes.

“Os pais precisam se aproximar psíquica e afetivamente dos filhos”, frisou a psicóloga do Ceppsi Melina Pereira. Segundo ela, estar disponível para ouvir os filhos, dar atenção e mostrar afeto são maneiras de fortalecer a relação entre pais e filhos, algo que também ajuda a identificar possíveis sinais de ansiedade ou depressão. Entre os sinais aos quais pais e responsáveis devem estar atentos, ela citou a perda do autocuidado e a queda inesperada no rendimento escolar. “Não há uma causa única para explicar o sofrimento psíquico”, observou.

O professor do Colegiado de Psicologia e coordenador do Nupie, Marcelo Ribeiro, ressaltou que é necessário refletir sobre o sentimento de culpa, muito comum na rotina parental. “Ter culpa é achar que nós temos um poder que na verdade não existe. A culpa esconde a ideia de que os pais não podem errar, mas o erro faz parte do processo educativo. É importante fazer uma distinção entre ser responsável e ter culpa”, enfatizou. Ribeiro também frisou a importância do fortalecimento dos laços no dia a dia familiar. “A gente precisa valorizar a relação e a qualidade dessa relação com o nosso filho”, disse.

A psicóloga Carla Lorena Pesqueira, que atua em uma escola de ensino da região, participou da roda de conversa com o intuito de trocar informações e experiências para seu duplo papel de profissional e mãe de um adolescente de 15 anos. “Meu objetivo é aprender e trocar experiências, pois, hoje, o risco de ocorrer ansiedade e depressão entre estudantes e pais é alto e precisamos estar preparados para lidar com esse tipo de situação”, comentou.

Esta oportunidade de trocar experiências e compartilhar sentimentos citada por Lorena é positiva e foi destacada pela professora Corina Borri-Anadon, da Université du Québec à Trois-Rivières, do Canadá, que abordou a necessidade da busca pelo bem-estar nas relações sociais. “Precisamos falar mais de bem-estar. Esse mundo tem muito sofrimento. Então, temos que inserir temas mais positivos e não ocultar o que faz com que, sistematicamente, a gente adoeça”, afirmou a educadora, em português fluente.

Corina enfatizou ainda que a educação é um processo bidirecional, no qual as crianças e adolescentes também contribuem ativamente e devem ter seu conhecimento e suas habilidades valorizados, fortalecendo sua autoestima. As escolas têm papel relevante nesse processo e, na visão dela, devem conhecer as singularidades das crianças. “Escola e família não devem ser mundos que não se falam. O bem-estar holístico é compartilhar juntos. O bem-estar de um depende do bem-estar do outro”, disse.

As amigas Valdenice Souza Ferreira e Gesiani Lopes de Souza Santos, ambas com dois filhos, se interessaram por participar da roda de conversa para adquirir mais conhecimentos sobre as temáticas discutidas pois atuam com grupos de crianças e adolescentes na igreja que frequentam. “Deu pra esclarecer sobre como lidar um pouquinho com as crianças e como orientar os pais, em casos de necessidade”, contou Gesiani.

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