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Univasf lança em Paulo Afonso livro sobre a história do povoado Juá

publicado: 08/02/2019 16h26 última modificação: 08/02/2019 16h33
Renata Freitas
Exibir carrossel de imagens O lançamento do livro aconteceu na manhã do último sábado (2) no Juá.

O lançamento do livro aconteceu na manhã do último sábado (2) no Juá.

Ora sob um pé de juazeiro, ora sob uma goiabeira no quintal de sua casa, Alberto Araújo Lima concluiu o poema com mais de 300 estrofes que compõem o relato sobre a história do povoado Juá, situado na zona rural do município de Paulo Afonso (BA). A trajetória da comunidade se transformou no livro Juá – A História Contada em Versos, lançado pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), por meio da Pró-Reitoria de Extensão (Proex). O lançamento da obra aconteceu na manhã do último sábado (2) no Juá, com a presença do autor; da pró-reitora de Extensão, professora Lucia Marisy; da médica e professora do curso de Medicina do Campus Paulo Afonso Ana Elisabeth Cavalcanti Santa Rita; e de toda a comunidade.

O livro, organizado por Lucia Marisy e pelo professor do Colegiado de Artes Visuais da Univasf Fulvio Torres Flores e ilustrado pela estudante de Artes Visuais Maysa Castro, apresenta os escritos de seu Beto, como o autor é conhecido na comunidade. A ideia da publicação da obra partiu da professora Ana Elisabeth, que atuou como médica de saúde da família na Unidade Básica de Saúde do Juá, onde teve contato com os versos de seu Beto. Impressa pela editora MouraSA, em 2018, a publicação contou com apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O livro está disponível no povoado Juá e no site da Editora CRV.

Seu Beto registrou em papel, com letra caprichada, a história de formação do povoado onde nasceu, em 1943. Os versos tomaram a forma de um cordel, publicado em 1992, ano do centenário da escritura da fazenda que deu origem ao povoado. Tempos depois chegou até as mãos de Ana Elisabeth, quando era médica da comunidade. “Eu me encantei com aquele cordel, com a história do povoado e com a sensibilidade de seu Beto”, conta.

Para esta edição do livro, o autor superou as dores nas mãos, provocadas pela chikungunya, e à sombra das árvores retomou a escrita e atualizou a história do povoado até 2017. Em um dos capítulos, ele também registrou sua própria caminhada como agricultor, integrante dos movimentos de trabalhadores na agricultura e membro da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Em 1984, escreveu seu primeiro cordel, intitulado Lucia Lira e sua plataforma política. Outros dois vieram antes de Juá - A história Contada em Versos.

Também compõem a nova edição do livro, os textos de Ana Elisabeth, do professor do Colegiado de Ciências Sociais da Univasf Delcides Marques, e da professora da Universidade de Pernambuco Rossana Ramos Henz. O livro contém ainda um capítulo com receitas de remédios caseiros, que eram transmitidas oralmente de geração em geração, e que foram preservadas em papel por seu Beto.

O autor contou que a publicação desta nova edição sobre a história do Juá foi inesperada e o deixou muito satisfeito. “O livro é para dar conhecimento à comunidade de sua própria história. Colhi muitas coisas de importância. E ampliar esta segunda parte já era preciso”, disse ele.

Durante o lançamento, Ana Elisabeth ressaltou que com a obra a Univasf contribui para devolver aos verdadeiros donos do Juá o registro histórico do povoado. “É uma história muito linda, que não pode se perder”, afirmou.  

A pró-reitora Lucia Marisy lembrou do valor do conhecimento popular e da importância da presença da Universidade para a preservação deste saber. “A Universidade tem a função de estabelecer o diálogo com as comunidades e dar visibilidade aos saberes populares”, frisou.

O lançamento contou com a presença de familiares e amigos de seu Beto, autoridades de Paulo Afonso e representantes da Academia de Letras de Paulo Afonso e da Academia de Letras Literárias e Científicas de Fortaleza. O irmão de seu Beto, Manoel de Araújo Lima, disse que o livro fará com que a história do Juá chegue a mais longe. “Este livro precisa ser valorizado. Espero que a comunidade procure ler o livro, porque tem muita história importante que não pode ser esquecida”, afirmou.