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Fórum Discente retoma agenda de reuniões com a Reitoria
Em pauta, assistência estudantil, impactos do bloqueio orçamentário na Univasf e demandas do DCE
Dirigentes da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) se reuniram na tarde da sexta-feira (4), no campus Sede, em Petrolina (PE) com alunos de diversos cursos e representantes do Diretório Central dos Estudantes (DCE) no Fórum Discente. Estiveram presentes o reitor Julianeli Tolentino, vice-reitor Telio Leite e o pró-reitor de Assistência Estudantil, Clébio Pereira. O encontro marcou a retomada das reuniões do fórum dos estudantes que desde 2012 tem se constituído como espaço de diálogo para debater as políticas de gestão da universidade e as demandas estudantis.
Neste mês de outubro o Fórum Discente teve como pauta central, o Programa Nacional de Assistência Estudantil (PNAES) sob fomento do Governo Federal, e o Programa de Assistência Estudantil (PAE) de iniciativa da universidade, ação esta, que atingiu nos últimos anos, patamar de investimento similar ao orçamento que é repassado à Univasf pelo PNAES. Outros temas de destaque levados ao fórum envolveram as demandas apresentadas à Reitoria pelo DCE, na última quarta-feira (3).
Conforme os dados apresentados pela Proae, devido ao contingenciamento do orçamento de custeio da universidade, os recursos aplicados pelo PAE-Univasf atingem em 2019 patamar inferior ao registrado em 2015. Em comparação a 2018, o atendimento foi reduzido em quase todas as modalidades (ver gráfico). Outros indicadores apontaram a contrapartida financeira da Univasf na assistência estudantil, cujo valor é equivalente ao que é destinado pelo Pnaes, totalizando no ano passado mais de R$ 10,5 milhões.
“Diante desse cenário de cortes e de destruição da educação pública não está sendo diferente a dificuldade da Univasf sobreviver e de como vem caindo o valor liberado pelo MEC para a manutenção dessas bolsas, o que acaba prejudicando a permanência dos estudantes na universidade”, opinou Gercyane Mylena, aluna do 2º período de Ciências Sociais e vice-presidente do DCE. “A gente percebe que a universidade tem feito tudo que está dentro do alcance dela, mas o próprio movimento estudantil tem que se organizar para poder cobrar de forma mais efetiva. Este fórum é muito esclarecedor para que na assembleia estudantil todos os alunos possam estar a par da situação”, destacou o estudante Matheus Barreira, do segundo período de Medicina. Isabela Bedetti, que atualmente está no nono período de Medicina também ressaltou a importância do fórum para os estudantes. “O fórum é importante até para ficar informando à comunidade acadêmica a situação da universidade”, comentou.
“Hoje eu não dependo da assistência estudantil, além do RU, porque tenho renda estagiando e com outros bicos, porém para isso eu tenho que reduzir minha carga horária, pegar bem menos disciplinas, atrasar meu curso para poder dividir minha renda com a carga horária de estudo”, disse Matheus Brian, aluno do sétimo período de Engenharia da Computação. Conforme explicou o pró-reitor Clebio Pereira, a equipe tem se mobilizado para executar a totalidade dos recursos e garantir o pagamento dos respectivos auxílios e bolsas da assistência estudantil até o final do ano. Na semana passada, 2 de outubro, a Proae lançou novo edital de seleção para os RUs.
Impactos do bloqueio orçamentário
Sobre os ajustes ao orçamento contingenciado, o reitor Julianeli Tolentino enfatizou o caráter emergencial das medidas adotadas que impactaram na política de assistência estudantil da instituição e na gestão dos recursos destinados às demais ações executadas pela universidade. “É importante frisar que com o bloqueio nós tivemos a redução de um terço do nosso orçamento e por isso tivemos que adotar medidas administrativas drásticas, como a redução de postos de serviços terceirizados para que tivéssemos também a redução dos custos, mas que pra gente não é economia porque é uma perda muito grande na prestação dos nossos serviços; além disso, tivemos que suspender o subsídio dos RUs para os estudantes da modalidade P2”. .
Julianeli Tolentino citou, ainda, a restrição do uso de ar-condicionado na universidade que atualmente está limitado ao horário das 14h às 18h, de segunda à sexta-feira, em todos os campi, exceto nos ambientes que dependem de refrigeração em tempo integral. Sobre a medida ele antecipou: “Estamos aguardando o recebimento das faturas de energia elétrica para que seja feita uma análise técnica e possamos avaliar se esta medida poderá ser descontinuada, porque também temos a expectativa de o MEC liberar o restante do orçamento bloqueado”, afirmou Julianeli Tolentino. De acordo com a Reitoria, a análise terá como base a projeção orçamentaria e financeira para os próximos meses.
Segundo os estudantes, a limitação do horário de funcionamento das bibliotecas tem impactado as atividades de estudo, principalmente para os cursos do turno da noite. Durante a reunião também foi solicitada a reativação dos contratos de cessão de uso de espaço da universidade para a instalação de serviços de copiadoras. “Muita gente está sem ler os textos das aulas do dia”, comentou um dos estudantes. Sobre esta demanda, o vice-reitor Telio Leite, explicou que a Procuradoria identificou a necessidade de novos procedimentos administrativos para a formalização e contratualização do serviço.
Com relação ao horário de funcionamento das bibliotecas Telio Leite sugeriu como encaminhamento verificar junto à Direção do Sistema de Bibliotecas Integradas (Sibi), a possibilidade de alteração nos horários de abertura e fechamento das respectivas unidades. “Eu vou me comprometer a conversar com a Direção do Sibi e avaliar como alternativa, o fechamento no início da tarde e ganhar mais uma hora à noite, mas está bem difícil manter um horário de funcionamento adequado no nosso sistema de bibliotecas, ponderou. Sobre questões relativas à saúde dos estudantes, também pautadas pelo Fórum, ele disse que a universidade tem buscado meios de promover assistência nesta área. Com base nos relatos dos estudantes, ressaltou o papel do Centro de Estudos e Práticas de Psicologia (Ceppsi-Univasf) e iniciativas junto à rede de saúde dos municípios.
“Algumas situações já requerem uma atuação para além do próprio psicólogo e a gente também está buscando interlocução com toda a rede de saúde pública para direcionar esses casos”. Outra ação mencionada é o provimento de duas novas vagas para o cargo de psicólogo na Univasf, uma para o Campus Serra da Capivara, em São Raimundo Nonato, no Piauí, e a outra para o campus da cidade de Senhor do Bonfim, na Bahia. “A nossa ideia é que não tenha uma função clínica, mas de apoio psicopedagógico”, explicou.
Ouça a avaliação do vice-reitor Telio Leite sobre as demandas apresentadas pelos estudantes.