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Cuidado em liberdade é discutido no 8º Fórum de Mobilização Antimanicomial, que acontece na Univasf até amanhã (17)
![8º FMA reúne 900 participantes no Complexo Multieventos.](https://portais.univasf.edu.br/noticias/cuidado-em-liberdade-e-discutido-no-8o-forum-de-mobilizacao-antimanicomial-que-acontece-na-univasf-ate-amanha-17/dsc_5810.jpg/@@images/eb85abad-1fdb-4993-8fe2-c87a04342ff8.jpeg)
8º FMA reúne 900 participantes no Complexo Multieventos.
Cuidado não rima com confinamento. Para se tratar transtornos mentais é preciso, mais do que de exclusão, de atenção, convívio e de tratamento realizado por uma equipe multiprofissional. A fim de levantar questões como essas, começou, ontem (15), o 8º Fórum de Mobilização Antimanicomial (FMA) do Sertão do Submédio São Francisco. O evento tem como tema “Pelo cuidado em liberdade: na luta vamos viver” e é organizado pelo Núcleo de Mobilização Antimanicomial do Sertão (Numans) da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf). O fórum acontece até amanhã (17), no Complexo Multieventos da Univasf, em Juazeiro.
Este ano, o evento tem cerca de 900 participantes e um enfoque feminino/feminista, com grande parte da programação conduzida por pesquisadoras e profissionais da área. O fórum é composto pela 5ª Mostra de Atenção Psicossocial, com apresentação de trabalhos que envolvem a temática; oficinas; rodas narrativas; exposição de artesanato feito pelos usuários dos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) de Juazeiro e Petrolina; e ágoras, espaços de explanação e discussão de temas, a exemplo da defesa da democracia e o fortalecimento do protagonismo de usuários do Serviço de Atenção Psicossocial.
O psicólogo Victor Reis, residente do Programa de Residências Multiprofissionais em Saúde da Univasf e um dos organizadores do evento, destacou que o fórum foi pensado para ser participativo, tendo, dessa forma, um caráter democrático. “As rodas narrativas têm como objetivo discutir temas como o cuidado em liberdade e a união contra essa lógica manicomial, por exemplo. A partir daí, será construída uma moção oficial que vai ser encaminhada aos órgãos responsáveis. Pensamos nisso porque não queremos ficar apenas na teoria. Esse é um evento de luta também”, afirmou.
Carlos Eduardo Ferreira frequenta o Caps IV, em Petrolina. Ele está expondo suportes de plantas feitos de palitos de picolé e quadros que confecciona no centro de atenção. “Desde que passei a frequentar o Caps aprendi a fazer muitas coisas. É a terceira vez que participo do fórum, e gosto muito das palestras, de mostrar o que faço, de encontrar pessoas e conhecer os outros centros”, contou.
Para a estudante do 6º período de Psicologia e integrante do Numans Alice Mororó, essa é a oportunidade de entender a estrutura da pessoa enquanto indivíduo e, dessa forma, pensar o cuidado e o quão prejudicial é encaminhar pessoas a manicômios. “Estamos passando por muitos retrocessos na área da saúde mental, como o sucateamento do Sistema Único de Saúde, e o fórum é uma oportunidade de fazer micropolítica e dar ao povo o retorno do investimento que recebemos por estarmos em uma Universidade pública”, declarou.
Lorena Borges veio para Petrolina para participar do 8º FMA e ter um contato aprofundado na área de saúde mental. Ela é soteropolitana e estudante de Psicologia na Universidade Federal da Bahia (UFBA). “Eu tenho muito interesse na área e sei da importância da luta e de compreender o significado de se importar com o cuidado e com os direitos humanos. Por isso, resolvi vir, porque, enquanto futuros profissionais, é preciso ter recursos para argumentar e defender um tratamento humanista”, concluiu.