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Egressa da Univasf conquista prêmio por pesquisa sobre biomarcadores para diagnóstico de câncer colorretal

publicado: 03/08/2021 17h22 última modificação: 04/08/2021 08h04
Renata Freitas

A médica veterinária Camila Meirelles de Souza Silva, egressa da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), conquistou o 12º Prêmio Octavio Frias de Oliveira, promovido pelo Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira (Icesp), em parceria com o Grupo Folha. O trabalho premiado na categoria Inovação Tecnológica em Oncologia foi desenvolvido durante seu doutorado na Universidade Federal do Ceará (UFC) e identificou quatro biomarcadores microRNAs para o diagnóstico de câncer colorretal. O resultado do estudo deverá, no futuro, contribuir para o diagnóstico precoce deste tipo de câncer, aumentando as possibilidades de tratamento e, consequentemente, de cura dos pacientes.

A pesquisa, publicada no mês de março no periódico Cancers, analisou amostras de sangue de pessoas que estavam em fases distintas desse tipo de câncer, terceiro em incidência e mortalidade no Brasil e no mundo, segundo a pesquisadora. “Rastreamos mais de três mil microRNAs e encontramos quatro que estavam presentes na maioria dos pacientes com câncer colorretal”, relata Camila, que se dedicou ao estudo durante os quatro anos do doutorado, realizado no Departamento de Fisiologia e Farmacologia da Faculdade de Medicina da UFC e contou com apoio financeiro do Sistema Único de Saúde (SUS), por meio da Rede Brasileira de Avaliação de Tecnologias em Saúde (Rebrats). O estudo também teve a participação de uma equipe interdisciplinar composta por mais de 20 pesquisadores.

A partir de agora, a ideia da pesquisadora é buscar parcerias e financiamento para desenvolver um kit para diagnóstico rápido com todos os agentes para detecção dos microRNAs, pequenos RNAs que desempenham um papel crítico na sinalização celular. Camila esclarece que a grande ocorrência dos microRNAs está associada a vários tipos de tumor, incluindo colorretal, mama, gástrico e pulmão, entre outros.

“O paciente com câncer colorretal geralmente aguarda muito tempo para fazer a colonoscopia, que é o exame considerado padrão-ouro para diagnóstico da doença. Essa espera às vezes chega a um ano e para um paciente com câncer isso significa muito tempo perdido, que poderia estar sendo destinado ao tratamento”, afirma. O uso do kit para diagnóstico poderia identificar mais rapidamente e a um baixo custo os pacientes com maior risco para a doença tornando o processo mais célere. “O objetivo não é substituir a colonoscopia, mas servir como item mais barato e complementar para um melhor diagnóstico do paciente”, ela explica.

A participação no prêmio 12º Prêmio Octavio Frias de Oliveira foi uma maneira de prestar uma homenagem ao professor Ronaldo de Albuquerque Ribeiro, oncologista e professor da UFC, que foi seu orientador no doutorado, até 2015, quando ele faleceu, no meio da pesquisa. “Eu fui a última aluna dele e pensei em homenageá-lo quando inscrevi o trabalho”, diz. A premiação acontecerá nesta quinta-feira (5), pelo canal da Folha de S. Paulo no YouTube, a partir das 17h.

Camila com os professores José Antunes Rodrigues, da USP, e Raimundo Palheta./ Fotos: Arquivo da pesquisadora

Natural de Juazeiro (BA) e criada em Petrolina (PE), Camila graduou-se em 2012 pela Univasf, após defender o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) intitulado “Efeito de Beta-estradiol no esvaziamento gástrico de ratos”, sob a orientação do professor do Colegiado de Medicina Veterinária Raimundo Palheta. O interesse pela pesquisa e pela área de Farmacologia começou ainda na graduação, nas quatro monitorias de ensino e nos dois anos de Iniciação Científica (IC), estes últimos também sob a orientação do professor Palheta, no Laboratório de Farmacologia Veterinária. Durante um ano ela foi bolsista de IC da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe) e chegou a receber uma menção honrosa pela pesquisa realizada à época. “Camila sempre foi muito dedicada e persistente. No primeiro ano no Laboratório, ela já se destacou com uma menção honrosa e mesmo com todas as dificuldades que nós tínhamos na época, que eram muitas, ela nunca desanimou. Então, nós sabíamos que ela teria uma carreira promissora”, diz Palheta.

As experiências vivenciadas na graduação foram decisivas para que Camila descobrisse sua vocação para a pesquisa e o ensino, o que fez com que ela buscasse a pós-graduação logo depois de concluir o curso na Univasf. “Fiz quatro monitorias. A primeira delas com a professora Márcia Medeiros, que me abriu as portas para as várias possibilidades oferecidas pela graduação. Também fiz monitoria em Farmacologia e pesquisa nessa área com o professor Palheta, que me incentivou muito para que eu fizesse meu estágio final em pesquisa na UFC, onde depois fui fazer mestrado e doutorado”, relata.

A egressa, que atualmente, faz pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Imunologia, da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto (SP), acalenta o desejo de se tornar professora. “Quero fazer concurso para a Univasf e retornar à Instituição como docente”.