Aproximadamente mil pessoas, entre pesquisadores, professores e estudantes do ensino básico, de graduação e pós-graduação, estão reunidas desde ontem (21) no Complexo Multieventos da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), em Juazeiro (BA). O motivo é o III Congresso Brasileiro de Educação Ambiental Interdisciplinar (COBEAI), que acontece junto ao VI Workshop de Educação Ambiental Interdisciplinar e é promovido pelo Programa Escola Verde (PEV) da Univasf. De diferentes estados do Brasil, como Bahia, Pernambuco, Maranhão, Alagoas, Amazonas, Pará, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Paraná e Espírito Santo, os congressistas terão até a próxima sexta-feira (24) para aproveitar a programação do COBEAI, que tem como tema “Meio ambiente e Responsabilidade Social”.

São mais de 80 espaços na programação do Congresso, como conferências, mesas redondas, exposições e apresentações científicas e artísticas, minicursos, oficinas e visitas técnicas. Na manhã de ontem, a primeira conferência foi ministrada por Edison Bittencourt, docente titular da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e professor visitante sênior do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). O tema de sua palestra foi “Natureza interdisciplinar da questão ambiental: o novo paradigma”.

De acordo com Bittencourt, a interdisciplinaridade é essencial para lidar com os problemas ambientais, uma vez que as questões ecológicas envolvem diferentes populações, a flora, a fauna e a sociedade em geral. Ele afirmou que o novo paradigma traz um rompimento com princípios, como crenças e conhecimentos que são substituídos por outros. “É muito importante que os alunos comecem a ser expostos ao novo paradigma da educação interdisciplinar, nesse que é chamado o século da Ecologia”, disse.

Estudantes do 1º ao 3º ano do Ensino Médio do Colégio Estadual Rui Barbosa, de Juazeiro, estiveram presentes no primeiro dia do COBEAI. O professor Raimundo Gonçalves, que ministra as disciplinas de Sociologia e Filosofia, acompanhou os alunos. Ele contou que o Colégio participa do Congresso desde a primeira edição. Para ele, o envolvimento desses estudantes é importante para a criação de uma consciência ambiental, tanto em nível global quanto pessoal. Além disso, Gonçalves acredita que as disciplinas lecionadas no Ensino Médio contribuem para a educação ambiental. “A Filosofia dá o suporte racional para que o jovem possa pensar, refletir sobre a questão do meio ambiente. Já a Sociologia trabalha para detectar os problemas do ser humano com o mundo”, explicou.

Patrícia Barbosa da Silva é estudante de Mestrado em Ciências Ambientais na Universidade de Pernambuco (UPE) e irá apresentar um trabalho sobre um projeto de arborização de uma quadra poliesportiva, desenvolvido por ela no N-11, em Petrolina (PE), onde mora. Ela relatou que, após a execução do projeto, este não foi preservado como deveria e atribuiu isso à ausência de uma educação ambiental efetiva que se reflita no dia a dia. “As pessoas remetem muito a educação ambiental, por exemplo, à conservação de uma floresta, mas esquecem que o local importante para exercer é aqui, nesse espaço”, afirmou a mestranda.

Para o professor Paulo Ramos, coordenador do PEV e organizador do Congresso, o enfrentamento da problemática ambiental ainda é um desafio. Ele acredita que a educação ambiental é o primeiro passo para esse confronto e, nesse sentido, o COBEAI representa uma modesta contribuição para esse cenário. “Primeiro, porque nós apresentamos os trabalhos desenvolvidos aqui na região. O evento também possibilita que outras experiências sejam divulgadas e que, a partir disso, haja uma integração e, quem sabe, o surgimento de novas parcerias”, declarou Pereira.