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Núcleo de Estudos em Agroecologia Sertão Agroecológico da Univasf entrega Certificação Orgânica Participativa a grupos de agricultores

publicado: 15/12/2025 17h36 última modificação: 15/12/2025 17h36


Representantes de seis grupos de agricultores participaram do evento de certificação.

O Núcleo de Estudos em Agroecologia Sertão Agroecológico da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) realizou, na manhã da última quinta-feira (11), no prédio da Reitoria,  em Petrolina (PE), a entrega da Certificação Orgânica Participativa a agricultores agroecológicos vinculados à Rede de Agroecologia Povos da Mata e ao Núcleo Sertão do São Francisco, em parceria com o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa). O evento contou com a presença de representantes de seis dos nove grupos certificados.

Os grupos são formados por agricultores de assentamentos, comunidades tradicionais, indígenas e quilombolas dos municípios de Petrolina (PE), Sobradinho (PE), Sento Sé (BA), Remanso (BA) e Juazeiro (BA). Foram certificados os grupos Orgânicos da Vagem, Comunidades Unidas, Terra da Liberdade, Ana Primavesi, Juntos Somos Mais Fortes, Esperança, Flor de Mandacaru, Orgânicos da Terra e Semeando Agroecologia no Sertão.

A Certificação Participativa foi realizada pela organização Povos da Mata, em conjunto com o Núcleo Sertão do São Francisco, em parceria com o Irpaa e com o apoio do Núcleo de Estudos em Agroecologia Sertão Agroecológico da Univasf, que atua como Organismo Participativo de Avaliação da Conformidade Orgânica (Opac). Esse tipo de iniciativa tem como finalidade avaliar a conformidade orgânica de propriedades e agricultores. Quando concedida, a certificação permite a comercialização de produtos com o Selo Brasil Orgânico, marca do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), que assegura que o produto é orgânico, livre de agrotóxicos e transgênicos e produzido de acordo com normas ambientais e sociais.

Ana Lúcia Santos da Silva, do grupo Esperança, da comunidade de Maçaroca, em Juazeiro (BA), comentou que acreditava que realizar a certificação era algo difícil, principalmente para pessoas do interior, devido à falta de acesso à informação. Apesar dos desafios, a agricultora afirma que a conquista vale a pena. “É muito gratificante poder estar aqui pelo segundo ano seguido. Recebendo esse certificado, eu espero que a gente consiga animar cada vez mais novos agricultores a estarem nessa missão tão importante, que é a produção limpa e saudável de alimentos e também o cuidado com o nosso meio ambiente”, afirmou.

O grupo Flor de Mandacaru, de um assentamento em Petrolina (PE), também está no segundo ano de certificação. “Muitos acharam que a gente não conseguiria produzir alimentos sem qualquer resíduo químico, por estarmos no meio de várias empresas grandes que produzem com veneno. Mas estamos aqui há mais de 13 anos provando que é possível produzir alimentos livres de qualquer resíduo químico”, disse Ozaneide Gomes dos Santos, integrante do grupo.

De acordo com o coordenador do Núcleo Sertão do São Francisco, Anselmo dos Santos Cordeiro, o processo é desafiador, mas transformador. “Fazer agroecologia é difícil, mas estamos nesse caminho promovendo transformações e auxiliando produtores a conquistarem sua certificação, para que tenham garantido o direito à produção e à comercialização. Quero dizer a todos os colegas para não desistirem”, destacou. O processo de iniciação para a conquista da certificação começou nos anos 2000, mas a entrega teve início apenas em 2023, estando atualmente no terceiro ano.

Além do Núcleo de Estudos em Agroecologia Sertão Agroecológico, a Univasf apoia esses grupos de agricultores familiares por meio de projetos de extensão, ações de apoio à disseminação de informações, intercâmbios e articulações para o acesso a políticas públicas e à execução de projetos de fomento à agroecologia. A Universidade também conta com a Feira de Orgânicos, realizada todas as quintas-feiras na rampa da Reitoria da Univasf, com o apoio do Sertão Agroecológico, da Rede Territorial de Agroecologia do Sertão do São Francisco Baiano e Pernambucano e da Pró-Reitoria de Extensão (Proex), por meio da Diretoria de Arte, Cultura e Ações Comunitárias (DACC), espaço onde alguns desses agricultores comercializam seus produtos.

Para o coordenador do Sertão Agroecológico, Helder Ribeiro Freitas, a iniciativa fortalece a relação entre universidade e comunidade. “O Núcleo fortalece a integração entre a universidade e as comunidades do semiárido, valorizando a produção agroecológica no território. A entrega da certificação reconhece os saberes locais, promove a organização coletiva e contribui para a consolidação das práticas agroecológicas na região”, ressaltou.