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Pesquisa da Univasf acompanhará Covid-19 e doenças cardiovasculares em comunidades indígenas

publicado: 14/10/2020 16h24 última modificação: 14/10/2020 16h24
Renata Freitas

O Projeto de Aterosclerose Indígena (PAI), realizado pela Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) junto a comunidades indígenas de Pernambuco para acompanhamento cardiológico, iniciará uma segunda etapa com a inclusão do acompanhamento da Covid-19. Uma nova parceria estabelecida com a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) e com financiamento da empresa JBS possibilitou a retomada e a ampliação do estudo, que será desenvolvido em duas tribos indígenas, durante os próximos dois anos. O projeto envolve a participação de 25 docentes e estudantes de diversos cursos de graduação e pós-graduação da Univasf.

O objetivo do PAI é identificar fatores de risco para doenças cardiovasculares e, nesta nova fase, também para a Covid-19 entre as populações indígenas, realizar o acompanhamento das pessoas identificadas como portadoras dessas doenças e encaminhá-las para tratamento em unidades de saúde de referência, quando necessário. O projeto receberá R$ 3 milhões em recursos que serão destinados, entre outras ações, para a aquisição de equipamentos para o Laboratório de Diagnóstico Molecular de Covid-19 da Univasf, que atuará no diagnóstico da doença e também no acompanhamento epidemiológico do novo coronavírus entre essas populações indígenas.

Segundo o coordenador do estudo na Univasf, Anderson Armstrong, as atividades desta nova etapa do projeto já iniciaram com os trâmites éticos e legais, os primeiros contatos com as populações indígenas que farão parte do estudo e o treinamento da equipe. Ele adianta que os atendimentos nas aldeias terão início em 2021. “Na primeira fase do projeto, foram atingidas mais de duas mil pessoas, das quais mil foram incluídas no estudo para acompanhamento das doenças cardiovasculares. Algumas delas continuam sendo acompanhadas no ambulatório até hoje. Nessa nova etapa, pretendemos estender os atendimentos a toda a população das aldeias, porque além do acompanhamento cardiológico faremos o monitoramento da Covid-19”, conta o pesquisador.

O estudo também prevê ações de extensão, entre as quais o treinamento de equipes de saúde compostas por integrantes das próprias comunidades indígenas, para realizar atendimentos em Covid-19 e em doenças cardiovasculares. “Essas equipes terão o importante papel de nos ajudar a identificar fatores de alerta dessas doenças junto às suas comunidades, contribuindo também para conscientizar as pessoas sobre a importância da prevenção e dos cuidados necessários para evitá-las”, destaca Armstrong.

A primeira etapa do PAI foi realizada no período 2016/2017 com os povos Fulni-ô, no município de Águas Belas, e Truká, em Cabrobó. Trabalhos científicos gerados a partir do projeto receberam premiações em eventos de cardiologia. “O que observamos da primeira experiência do projeto é que o comportamento epidemiológico das doenças cardiovasculares nas comunidades indígenas tem caminhos diferentes das populações urbanas. São comunidades mais vulneráveis e com menos acesso à saúde. Então, ampliar a cobertura de acesso e entender melhor o comportamento dessas doenças nas comunidades vai permitir também melhorar a avaliação da ocorrência de doenças cardiovasculares e da Covid-19”, afirma o coordenador do estudo.