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TCC de egressa da Univasf vence categoria de melhor monografia na 10ª edição do Prêmio Luiz de Castro Faria
Marildes Lima M. Sousa durante atividade da graduação. / Foto: Arquivo pessoal |
Um estudo sobre o papel dos caldeirões rochosos, que estão na área do Parque Nacional Serra da Capivara, como catalisador de narrativas, memórias e patrimônio local para a comunidade do Sítio do Mocó, no Piauí. Este é o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) de Marildes Lima Miranda Sousa, egressa do curso de Arqueologia e Preservação Patrimonial da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), que foi premiado na 10ª edição do Prêmio Luiz de Castro Faria, promovido pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). A monografia, que tem como título “Fontes de vida, Sociabilidade e Memória: narrativas sobre os caldeirões do Sítio do Mocó”, apresenta os caldeirões rochosos em uma perspectiva voltada para as necessidades da comunidade e como a criação do Parque Nacional da Serra da Capivara influenciou no modo de vida dessa comunidade.
O trabalho venceu na categoria “Monografia de graduação”, por sua originalidade e por abordar um assunto que merece registro, divulgação e reconhecimento. Na pesquisa, orientada pelo professor Alencar de Miranda Amaral, do Colegiado de Arqueologia e Preservação Patrimonial, a autora aborda arqueologia da paisagem e pública, memória, contextualização geoambiental e histórica, entre outros tópicos relacionados com a temática central. A premiação será realizada em Brasília, no dia 8 de dezembro. O resultado está disponível no site do Iphan.
Marildes conta que a ideia para a temática surgiu durante um passeio ao Caldeirão do Gado, maior caldeirão localizado na comunidade. “Desde o início da graduação já sentia o desejo de escrever sobre a minha comunidade, pois sei o potencial histórico e arqueológico da área, principalmente por ser uma área afetada pela criação do Parque Nacional da Serra da Capivara. Ao visitar o Caldeirão do Gado, me veio um turbilhão de sentimentos bons e no mesmo instante percebi que aquilo seria o meu trabalho”, relata.
A egressa nasceu no interior da cidade de Coronel José Dias, no Piauí, é filha de cozinheira e o pai já foi cortador de cana-de-açúcar. Ela destaca que ganhar uma premiação desse porte é algo esplêndido. “Esse prêmio é uma forma de incentivar as crianças e adolescentes da minha comunidade a acreditar que eles são capazes de mudar a realidade através do estudo. Tentei deixar uma leitura de fácil entendimento, pois essa pesquisa não foi pensada apenas para leitores acadêmicos, mas também para os leitores do Sítio do Mocó”, disse.
Este é o terceiro trabalho orientado pelo professor Alencar de Miranda Amaral a receber o Prêmio Luiz de Castro Faria. Os egressos Daline Lima de Oliveira e Rafael Pereira Magalhães tiveram seus trabalhos notabilizados nas edições de 2019 e 2021 da premiação, respectivamente. Amaral conta que se sente orgulhoso em ver que os trabalhos desenvolvidos por estudantes do interior do Nordeste em suas comunidades estão sendo reconhecidos. “As premiações demonstram que a produção de conhecimento de qualidade com relevância acadêmica reconhecida não está dissociada de uma produção que também é socialmente e afetivamente importante. Vemos uma contribuição muito grande no desenvolvimento de pesquisas que são socialmente relevantes, dando visibilidade às histórias e narrativas das comunidades do interior”, destaca.