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13º CBA reúne mais de 5 mil pessoas no Campus Juazeiro da Univasf numa grande celebração em prol da agroecologia

publicado: 24/10/2025 11h57 última modificação: 24/10/2025 14h44

Celebração pela agroecologia e convivência com os territórios e luta pela justiça climática deram a tônica neste CBA. 

No mês em que celebra seus 21 anos de atividades acadêmicas, a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) recebeu um dos maiores encontros científicos e populares do mundo. O 13º Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA) reuniu mais de cinco mil participantes inscritos no Campus Juazeiro, de 15 a 18 de outubro, em uma grande celebração em prol da agroecologia, da convivência com os Territórios Brasileiros e da Justiça Climática. Professores, pesquisadores, estudantes, povos originários, quilombolas, agricultores, representantes de movimentos sociais e autoridades, além de participantes de nove países, entre eles Alemanha, Angola, Canadá, Costa Rica e México, estiveram no evento, que pela primeira vez foi realizado no semiárido brasileiro.

Promovido pela Associação Brasileira de Agroecologia (ABA) e organizado pela Univasf junto com diversas instituições parceiras, o congresso ofereceu uma programação ampla e diversificada, com espaços dedicados à troca de experiências, saberes e práticas populares e científicas. Entre as atividades destacaram-se os Tapiris de Saberes, com apresentações e debates de trabalhos sobre 19 temas da agroecologia; a Feira da Agrobiodiversidade e a Feira Saberes e Sabores, com produtos da agricultura familiar e do artesanato regionais e nacionais; e a Cozinha das Tradições, que promoveu trocas de receitas e saberes culinários guiados por práticas populares.


Protagonismo das mulheres foi um dos destaque desta edição. /Foto: Jader Barrozo.

O evento também contou com espaços voltados à saúde, à infância e à cultura, como a Ciranda Infantil Ana Primavesi, a Tenda da Saúde, Cuidado e Cura Mães Filinha e Ciana, o 3º Festival Internacional de Cinema Agroecológico (FicaEco) e o 2º Festival de Arte e Cultura da Agroecologia (FACA), que movimentou Juazeiro com apresentações artísticas e manifestações culturais inspiradas na agroecologia. Além disso, o Terreiro de Inovações Camponesas, conferências, plenárias, painéis e atividades autogestionadas possibilitaram o diálogo entre saberes tradicionais e científicos.

O protagonismo das mulheres também foi um grande destaque desta edição, evidenciado especialmente pela Plenária das Mulheres, que ressaltou as vozes femininas na agroecologia e sua contribuição histórica para a construção de saberes e práticas sustentáveis. As crianças também estiveram presentes no evento, participando de atividades específicas para elas.

As docentes Maria do Carmo Couto Teixeira, da Universidade Federal de Viçosa (UFV), e Ana Rosa Costa Picanço Moreira, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), ambas professoras de Pedagogia, estiveram à frente das atividades realizadas para crianças e bebês durante o 13º CBA. “É importante trazer luz sobre a infância e o conhecimento agroecológico, colocando as crianças como sujeitos da história e isso começa com a relação da infância com a natureza”, disse Maria do Carmo, que coordenou o eixo Infâncias e Agroecologia. A docente, que participa do CBA há várias edições, disse que este ano 35 trabalhos foram aprovados para esse eixo nos Tapiris de Saberes.

O congresso colecionou grandes números. Foram aprovados 2.732 trabalhos para apresentação, dos quais 1.403 resumos expandidos técnico-científicos, 992 relatos de experiências técnicas, 255 relatos de experiências populares e 82 relatos de experiências populares em vídeo, que foram apresentados em mais de 100 salas na Univasf e em instituições parceiras. Ao longo do evento, 67 palestrantes de diversas áreas do conhecimento contribuíram com reflexões e debates sobre temas estratégicos para o avanço da agroecologia no país.

O professor Helder Freitas, coordenador do CBA na Univasf, destaca a relevância do evento. “O 13º CBA fica na história da Univasf e de toda a região como um grande evento, muito importante e diverso, um verdadeiro marco! Também foi uma das maiores edições de todos os tempos, tendo oportunizado o diálogo de saberes e fortalecendo a articulação política com representantes governamentais e a agroecologia nos territórios brasileiros”, afirma o docente. Ele ressalta ainda que, durante o CBA, questões relacionadas à emergência climática estiveram em debate e uma carta elaborada no evento será lida na COP30, em Belém (PA), no próximo mês de novembro. "O CBA é o maior congresso de agroecologia do mundo. Não há nada igual em outros países", frisa.

Para a vice-reitora da Univasf, Lucia Marisy de Oliveira, sediar esta edição do CBA foi um grande presente para Instituição. O evento demonstrou o poder aglutinador da academia, ao aproximar professores, estudantes e representantes das mais diversas esferas da sociedade. “O CBA foi uma grande mostra do potencial da nossa sociedade ao unir conhecimento tradicional e ciência. Com a realização do evento, nós contribuímos para fortalecer a agroecologia e todos os territórios do Brasil nesse grande evento que reuniu um público tão diverso e das mais diferentes localidades”, observou Lucia.

Conhecimentos tradicional e científico unidos no 13º CBA. /Foto: Jáder Barrozo.

Para o reitor da Univasf, Telio Nobre Leite, a realização do 13º CBA na Instituição foi também uma oportunidade de reafirmar o compromisso da Universidade com o desenvolvimento regional. “Estamos há 21 anos integrando o interior de Pernambuco, Bahia e Piauí, unidos a outras instituições presentes no Vale do São Francisco para dar nossa contribuição, colocando nosso corpo de servidores a serviço da população”, destacou. Ele ressaltou a grande força do evento e a pluralidade de ações realizadas no CBA, fortalecendo os laços entre a academia e a sociedade.

O Congresso Brasileiro de Agroecologia (CBA) acontece a cada dois anos desde 2003, com a participação de inúmeros parceiros nacionais e internacionais. Esta 13ª edição foi realizada pela ABA em parceria com a Univasf, o Instituto Regional da Pequena Agropecuária Apropriada (Irpaa), o Serviço de Assessoria a Organizações Populares (Sasop), a Articulação Semiárido Brasieiro (ASA), a Universidade do Estado da Bahia (Uneb), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), o Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE) e a Rede de Agroecologia Povos da Mata. 

O evento contou com patrocínio da Fundação Banco do Brasil e do BNDES e apoio do Governo Federal por meio dos Ministérios da Saúde, Igualdade Racial, Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar, e Desenvolvimento e Assistência Social, Família e Combate à Fome, Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e FioTec, e Prefeitura Municipal de Juazeiro; e Governo do Estado da Bahia, por meio do Programa Bahia Sem Fome e Bahia Turismo.