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Pesquisa da Univasf aponta dificuldades do ensino remoto na educação básica
A pandemia de Covid-19 chegou de forma inesperada e trouxe consigo diversas alterações no cotidiano das pessoas, entre elas a necessidade de adaptação ao ensino remoto. Visando investigar e divulgar as percepções dos professores da educação básica sobre o ensino a distância, os integrantes do Programa Residência Pedagógica (PRP) do curso de Ciências Sociais, da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), realizaram uma pesquisa com professores de escolas da região. O estudo identificou dificuldades para acesso à internet e equipamentos, informações e materiais das escolas, problemas que prejudicam a qualidade do ensino.
A pesquisa foi realizada por meio de formulário eletrônico, contendo questões avaliativas e informativas sobre as atividades didáticas e pedagógicas remotas. Participaram do estudo 40 professores de 18 instituições de ensino da educação básica, ensino fundamental e médio, de Petrolina (PE) e Juazeiro (BA). Entre os assuntos abordados, destacam-se o uso das tecnologias nas aulas, ministração dos conteúdos, principais dificuldades que os professores encontraram e algumas experiências positivas.
De acordo com a pesquisa, 55% dos entrevistados relataram problemas em ministrar os conteúdos programados para o ano de 2020. Deste total, 30% apontam que conseguiram desenvolver menos de 30% do conteúdo durante o ano letivo. Outro problema identificado pelo estudo foi a falta de acesso dos professores participantes a vídeos e tutoriais informativos sobre o modelo de ensino remoto adotado pela escola. Os dados mostram que 40% dos participantes não tiveram acesso a esse material.
O estudo concluiu que existe a necessidade de conhecer melhor os problemas em torno do ensino remoto. Os dados apontam que essas problemáticas podem acarretar em perdas na formação, avaliação, habilidades e conhecimentos.
O professor do Colegiado de Ciências Sociais da Univasf e orientador da pesquisa, Paulo Ramos, conta que os pesquisadores acharam os resultados preocupantes, sobretudo por conta dos diversos problemas apontados. “Nós nos preocupamos com o problema da falta de um projeto de orientações pedagógicas e tecnológicas por parte das escolas junto aos professores. Sabemos que as escolas possuem esses projetos, por conta das secretarias da educação municipais e estaduais, mas isso não chegou a todos os professores. Alguns nem sabiam da existência dessas orientações para que pudessem desenvolver um trabalho melhor no ensino remoto”, relata.
Porém, apesar das dificuldades, 85% dos professores pesquisados atribuíram notas entre 6 e 10 para as vídeoaulas ministradas. Destes, 52,5% concederam notas acima de 8. Ramos diz que também ficaram visíveis alguns pontos que podem ser considerados relativamente positivos. “Ficou evidente que os professores têm um alto poder de resiliência e conseguiram superar uma parte desses problemas, conseguiram ministrar suas aulas, ainda que com perda de conteúdo. A pandemia acabou proporcionando a valorização das tecnologias, já que fomos todos forçados a adotá-las, então aprendemos muito com isso e ocasionou também o reforço de metodologias ativas de educação”, observa.
O Programa de Residência Pedagógica (PRP) tem como objetivo induzir o aperfeiçoamento do estágio supervisionado nos cursos de licenciatura e promove a inserção do graduando nas escolas de educação básica, para melhor formação, a partir da segunda metade do curso. O grupo que realizou a pesquisa é formado por 12 integrantes, sendo o orientador, Paulo Ramos, oito bolsistas e dois voluntários, todos estudantes do curso de Ciências Sociais da Univasf, além de um professor do Colégio da Polícia Militar de Petrolina. Para ter acesso à pesquisa completa, basta acessar o site.