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Univasf aprova três projetos de pesquisa na Chamada Universal do CNPq
Passiflora foetida: propriedades dessa espécie de maracujá serão alvo de uma das pesquisas. / Foto: Aquivo do projeto
Estudar as mudanças climáticas e o processo de desertificação no semiárido baiano. Analisar a produção fotográfica do coletivo Zumvi Arquivo Fotográfico no período da redemocratização e da Nova República no Brasil. Investigar novas substâncias flavonoides com potencial analgésico, anti-inflamatório, ansiolítico e sedativo da espécie Passiflora foetida, conhecida popularmente no Nordeste como maracujá de estalo e maracujá fedido. Estas são as propostas dos três projetos de pesquisa da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) aprovados no final de janeiro na Chamada Universal do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) de 2021.
Os projetos aprovados contarão com apoio financeiro do CNPq durante 36 meses. A pesquisa coordenada pelo professor Sirius Oliveira Souza, do Colegiado de Geografia do Campus Senhor do Bonfim, irá se dedicar à temática da desertificação. Já o acervo fotográfico do coletivo Zumvi será estudado no projeto coordenado pelo professor Elson de Assis Rabelo, do Colegiado de Artes Visuais, do Campus Juazeiro. E as propriedades da Passiflora foetida, o maracujá fedido, serão investigadas no projeto do professor Jackson Guedes, do Colegiado de Farmácia, do Campus Sede.
Em seu primeiro projeto aprovado no edital Universal do CNPq, Sirius Souza pretende, a partir de dados que serão produzidos durante o estudo sobre a dinâmica ambiental das áreas susceptíveis à desertificação no semiárido baiano, produzir modelos que prevejam cenários de mudanças climáticas, com base nas indicações do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC), da Organização das Nações Unidas (ONU). “A pesquisa irá possibilitar a proposição de um zoneamento que contribua para o planejamento territorial e fundamente políticas de desenvolvimento sustentável. Isso é algo inédito no semiárido baiano”, afirma Souza.
Intitulado “Mudanças Climáticas, Desertificação e suas Implicações na Redução da Biodiversidade e de Áreas Produtivas: Análise de Cenários Sustentáveis no Semiárido Baiano”, o estudo envolve uma equipe interdisciplinar formada por 12 pesquisadores da Univasf e de outras seis instituições públicas de ensino superior, e contará com oito estudantes de graduação e pós-graduação. As áreas a serem estudadas estão sendo definidas, mas, segundo o docente, os municípios de Canudos, Uauá, Chorrochó, Rodelas, Curaçá e Jeremoabo deverão fazer parte da pesquisa. A expectativa é que as atividades tenham início no próximo mês de março.
Para Souza, o apoio do CNPq ao projeto é de grande relevância. “A aprovação deste financiamento lança uma esperança para nós pesquisadores e pesquisadoras, esperança de um maior investimento e respeito pela ciência e pelos(as) cientistas”, diz. Ele ressalta que o projeto também fortalecerá o grupo de pesquisa Núcleo de Estudos das Paisagens Semiáridas Tropicais (NEPST) e permitirá o planejamento e a efetivação dos instrumentos da Política Nacional de Combate à Desertificação (Lei Nº 13.153 / 2015).
Fotografia – Situado na Bahia, o coletivo Zumvi Arquivo Fotográfico se constituiu em arquivo em 1990 e está voltado especialmente para as culturas da diáspora negra na Bahia, como os blocos afro, as práticas estéticas corporais, as religiões de matriz africana e a organização quilombola. O projeto de pesquisa coordenado pelo professor Elson de Assis Rabelo pretende fazer uma análise iconológica das séries temáticas de imagens, relacioná-las com sua autoria diversificada dentro do arquivo, suas formas de circulação e as questões sociais referidas aos modos contemporâneos de ser cidadão negro na Bahia e no Brasil, a partir das desigualdades de raça e classe, da afirmação política das identidades negras pelos movimentos sociais e da agenda de políticas públicas para os grupos negros.
Maracujá – No projeto “Estudo químico, avaliação da toxicidade e da atividade antinociceptiva, anti-inflamatória e sobre o sistema nervoso central de Passiflora foetida (Passifloraceae)”, o professor Jackson Guedes e outros oito pesquisadores da Univasf e da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (UNCISAL), entre os quais um estudante de graduação, um de doutorado e outro de pós-doutorado, irão trabalhar com essa espécie de maracujá por ela ser pouco estudada no Brasil. “Escolhemos esta espécie, porque é bastante usada na medicina popular na Ásia e na América do Sul, já possui vários estudos publicados em outros países, mas poucos no Brasil; além da facilidade de coleta, pois é amplamente encontrada na Caatinga”, diz. Ele ressalta que o grupo de pesquisa Produtos Naturais do Semiárido Nordestino, por meio do Núcleo de Estudos e Pesquisas de Plantas Medicinais (Neplame), tem desenvolvido outros trabalhos com diferentes espécies de Passiflora.
De acordo com o professor, neste estudo serão utilizadas folhas e partes aéreas da espécie Passiflora foetida, coletadas em Petrolina (PE). Para a pesquisa, a espécie será identificada pelo professor do Colegiado de Ciências Biológicas José Alves de Siqueira Filho, coordenador do Centro de Referência para Recuperação de Áreas Degradadas da Caatinga (Crad), da Univasf. O estudo tem como objetivo obter o isolamento de novos flavonoides e a comprovação da atividade farmacológica dessa planta e suas possíveis propriedades analgésica, anti-inflamatória, ansiolítica e sedativa. Os pesquisadores aguardam autorização da Comissão de Ética no Uso de Animais (CEUA) para iniciar as atividades.
Guedes, que já teve outros três projetos aprovados no edital Universal do CNPq, considera o financiamento proveniente dessa chamada muito importante por contribuir para o estudo dessa espécie de Passiflora, além de possibilitar a aproximação a outra instituição de ensino superior e de contribuir para a formação de estudantes da área de produtos naturais. “Com esse recurso faremos uma importante parceria com a Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas UNCISAL em Maceió e manteremos as atividades do laboratório por mais um período de três anos”, conta.
A pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação, Patrícia Nicola, destaca que o edital Universal do CNPq é o mais importante para a pesquisa brasileira, por receber propostas de pesquisas de grande qualidade, desenvolvidas pelos melhores pesquisadores do país. “O edital Universal do CNPq assegura o desenvolvimento da pesquisa no Brasil, pois financia projetos das diferentes áreas de conhecimento e é um importante aliado no investimento em ciência básica, isso porque outros editais disponíveis têm foco mais específico”, observa.
Ela ressalta que o Universal também é relevante por incentivar projetos desenvolvidos em rede ou grupos de pesquisa, fomentando o intercâmbio de pesquisadores entre instituições nacionais e internacionais. “Ter três projetos da Univasf aprovados nos deixa bastante felizes e reforça a importância do Edital Universal 2021 para o desenvolvimento científico e tecnológico, uma vez que são projetos de áreas de conhecimento e envergaduras diferentes”, conclui a pró-reitora.