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Univasf conquista primeira patente por invenção científica

publicado: 14/05/2020 17h32 última modificação: 14/05/2020 20h50
Layla Shasta

A Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) recebeu este ano a sua primeira Patente de Invenção (PI), concedida a uma fórmula com ação bactericida desenvolvida por pesquisadores da Instituição. A tecnologia possui baixo custo de produção e poderá ser usada para elaboração de curativos inteligentes, destinados a impedir a proliferação de bactérias em feridas e lesões. A PI é um título de propriedade, concedido pelo Instituto Nacional de Propriedade Intelectual (INPI), órgão do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, às soluções técnicas inovadoras para determinados problemas, que sejam inventivas e possuam aplicação industrial.

A patente se intitula “Nanofibras com ação bactericida à base de poli (ácido metacrílico, metilmetacrilato) 1: 1 e ácido úsnico” e sua pesquisa foi desenvolvida entre os anos de 2013 e 2014, sob a coordenação do professor da Pós-Graduação em Ciência dos Materiais Helinando Pequeno de Oliveira. O estudo foi analisado pelo INPI por seis anos, até receber a carta-patente que confere a propriedade do invento e garante que a tecnologia atende a todos os critérios necessários. O trabalho foi realizado também pelos professores da Univasf Mateus Matiuzzi, pesquisador da área de Microbiologia, e Evando Araújo, pesquisador das Ciências dos Materiais, que à época era estudante de doutorado na Universidade. O projeto contou ainda com a participação da então discente da graduação em Medicina Veterinária da Univasf Carolina Machado e dos professores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Eugênia Pereira e Nicácio da Silva, que promoveram estudos relacionados à substância “ácido úsnico”, usada na formulação elaborada.

O invento tem potencial para ser usado como curativo e ser aplicado em ferimentos, liberando, em locais lesionados, moléculas de ácido úsnico, um produto natural que pode inibir o crescimento de bactérias. A invenção foi elaborada a partir da produção de nanofibras (fibras mais “finas” que as demais) foi possível produzir uma camada de tecido, formada por uma espécie de teia, ou rede, deste material. Durante a preparação, o ácido úsnico foi incorporado ao tecido, que é capaz de encapsular moléculas da substância e liberá-las com o tempo, lançando a ação bactericida no local aplicado. Segundo Helinando de Oliveira, atualmente a equipe está trabalhando com foco em auxiliar em casos do chamado “pé diabético”, um tipo de lesão na pele, complicada por infecção, que acomete pessoas com diabetes.

O professor Oliveira destaca a complexidade do processo de patenteamento. “O processo de patenteamento é longo e complexo, dura vários anos. Como autor, já tive por exemplo, um pedido de patente arquivado e isso é doloroso. Ver que o primeiro pedido chegou até o fim é ter alimentada a esperança de que os que vêm a seguir também possam lograr êxito e que as inovações feitas aqui sejam devidamente protegidas e que retornem recursos para a Universidade, fechando todo um ciclo de investimento”, afirma o pesquisador.

Além desta patente, a Univasf possui 56 pedidos em análise pelo INPI, no momento. Entre eles, 34 são titulares, ou seja, depositados pela própria Universidade, e 22 são co-titulares, pedidos depositados por outras universidades, em parceria com a Univasf. A diretora do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) da Univasf, Vivianni dos Santos, explica que uma tecnologia não precisa de patente para ir ao mercado, mas esta licença mostra que o invento possui relevância e comprovação, visto que são necessários anos de análise até que se conceda uma carta-patente. Este processo agrega valor financeiro à tecnologia que, ao ser licenciada para comercialização, gera renda, através de royalties, para a Universidade e também para os autores. Assim, os valores arrecadados são revertidos em investimentos para pesquisas e inovação tecnológica.

“Essa patente, que está entre as primeiras depositadas, é um marco para a Univasf e mostra o potencial dos nossos pesquisadores. A partir de agora, deveremos ter outras patentes concedidas, pois o número de depósitos vem aumentando a cada ano. A Universidade terá, portanto, outras patentes, que serão tecnologias mais aceitas pelo mercado já que estão reconhecidas em seus aspectos de novidade, de atividade inventiva e que reconhecem a sua aplicação, ou seja, que atendam demandas da sociedade”, diz Viviani.

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